Festa nas mansões e palacetes. A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta (10) o texto-base do projeto que prevê autonomia para o Banco Central. Sem discussões nas comissões e nenhum debate com a sociedade, a votação ocorreu um dia após ter sido aprovada a urgência do projeto.
“Essa autonomia coloca nas mãos do mercado financeiro os destinos da política econômica brasileira. É uma afronta à democracia porque a população elege seus governantes para tocar a economia do país. Com a aprovação do projeto, será o mercado financeiro que definirá os destinos do Brasil na economia. Isso afeta a oferta de emprego, inflação, câmbio e todo funcionamento da máquina econômica do país. É tudo que o mercado quer: um Banco Central que atenda unicamente a seus interesses”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
O Banco Central autoriza as instituições financeiras a funcionar, tendo a função de fiscalizá-las. Caso não existisse ou não fosse uma entidade com essa força, poderia haver excessos por parte dos bancos, por exemplo. Também é responsável por controlar a inflação e pela regulamentação e supervisão de todo o Sistema Financeiro Nacional. Isso significa que toda ação ou decisão tomada pelo Banco Central afeta diretamente as relações financeiras, influenciando em fatores como negociações, investimentos, moedas estrangeiras, crédito e preços.
A ENTRGA AO MERCADO FINANCEIRAO
“O lobo cuidará do galinheiro”. É assim que o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, resume a “autonomia” do Banco Central (BC), por meio do Projeto de Lei Complementar (PLP) 19/2019, votado nesta quarta-feira (10).
A Câmara dos Deputados aprovou na terça (9), o requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto. O especialista afirma que a pressa mostra como os parlamentares não têm consciência do que o processo significa. Na avaliação de Fausto, a autonomia do Banco Central é a confirmação da política ultraliberal do ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Com essa autonomia, o preço dos produtos, a inflação e a taxa de juros estarão vinculados ao interesse do mercado financeiro. Vamos colocar o lobo para tomar conta do galinheiro”, alerta o diretor técnico do Dieese, em entrevista à Maria Teresa Cruz, na Rádio Brasil Atual.
Fonte: Contraf-CUT e REDE BRASIL ATUAL