Na negociação da Campanha Nacional realizada nesta quinta (11), os bancários mostraram que está havendo uma redução de mulheres contratadas em todos os cargos do setor. Entre janeiro de 2020 e maio de 2024, houve redução de 11.514 postos. Porém, quando é feito o recorte de gênero, o saldo positivo de emprego bancário entre homens foi de 1.331 postos, enquanto para as mulheres, foram eliminados 12.845 postos. Portanto, a cada um homem contratado no período, nove mulheres foram desligadas.
Nesse período, na área que teve mais contratação nos bancos, a de TI, ocorreram 19,9 mil admissões, porém, desse total 78% das vagas foram destinadas aos homens e o restante (22%) às mulheres.
CANAIS DE COMBATE AO ASSÉDIO
A secretária da Mulher da Contraf-CUT e coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Fernanda Lopes, cobrou informações sobre a implementação das cláusulas conquistadas nas campanhas de 2020 e 2022, de prevenção e combate à violência doméstica e familiar e de combate ao assédio sexual.
“Queremos os números, saber quantas são e a forma como as mulheres vítimas foram atendidas, se foram acolhidas realmente, protegidas e não revitimizadas”, explicou Fernanda, apresentando, em seguida, os números dos canais “Basta! Não irão nos calar”, programa de assessoria jurídica humanizada a mulheres em situação de violência doméstica e familiar, de iniciativa do movimento sindical bancário.
“Atualmente temos 13 canais, com 449 mulheres já atendidas: desse total, foram geradas 235 medidas protetivas, com base na Lei Maria da Penha”, destacou.
REIVINDICAÇÕES
– Cumprimento da Lei da Igualdade Salarial entre homens e mulheres, especificamente no ponto sobre o Relatório de Transparência Salarial:
>Correção e adequação dos relatórios divulgados;
>Que divulguem os dados por empresa e não somente por estabelecimento (CNPJ);
>Que tragam o número absoluto de trabalhadores e trabalhadoras;
>E que os relatórios sejam compartilhados com os trabalhadores e com o Comando Nacional dos Bancários, para facilitar o acompanhamento.
– Realização do 4º Censo da Diversidade da categoria, o último foi divulgado em 2019.
Neste ponto, os trabalhadores lembraram que a realização do Censo da Diversidade é um compromisso firmado na CCT para ser realizado a cada cinco anos, período vencido.
– Olhar especial para as trabalhadoras e os trabalhadores transexuais, dada a vulnerabilidade social desse grupo, para que, além de terem acesso às vagas no setor, consigam permanecer e ascender na carreira.
“O Brasil lidera o ranking de países que mais matam pessoas trans no planeta, pelo 15º ano consecutivo”, destacou a secretária da Juventude da Contraf-CUT e militante LGBTQIA+, Bianca Garbelini, com base em dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), ressaltando que isso é fruto de um forte preconceito que leva essa população a ter uma expectativa média de vida de 35 anos no país, e também a terem piores condições de educação, saúde e trabalho.
“Mesmo quando acessam o emprego bancário, por causa do preconceito, muitos não conseguem prosseguir e outros não conseguem permanecer na carreira. Por isso, temos que conscientizar os demais trabalhadores e trabalhadoras no setor”, completou.
“Dentro da pauta para os trabalhadores LGBTQIA+ nós destacamos a questão da população trans, por causa da sua grande vulnerabilidade, cobrando cota de acesso, políticas de formação e capacitação”, reforçou Juvandia Moreira.
Um dos exemplos bem sucedidos no setor, que foi destacado pelos trabalhadores, é o caso do Banrisul, que abriu um concurso público com cota de 1% para a população trans, e teve esse percentual superado no processo seletivo. Existe ainda um ordamento para que órgãos do governo federal tenham reserva de vagas em concursos públicos para transexuais e indígenas.
– Adesão de todos os bancos ao Programa Empresa Cidadã, para que todos pratiquem a licença maternidade de 180 dias e paternidade de 20 dias.
“Também pontuamos que as mulheres tenham a garantia de que não terão nenhum prejuízo em suas carreiras, no retorno da licença maternidade”, destacou Juvandia.
– Programas de promoção de acesso à ascensão de negros e negras, além de igualdade salarial para toda a categoria.
– Programas de promoção para acesso e permanência de mulheres nas áreas de TI.
– Balanço, por bancos, sobre a implementação e realização dos programas de combate ao assédio e de violência doméstica.
“Como resultado desta mesa, os representantes dos bancos indicaram o compromisso de buscar soluções para esses problemas. Vão se reunir com as empresas para trazer propostas que respondam as reivindicações da categoria”, destacou Juvandia.
CALENDÁRIO
Julho
18 e 25/07 – Saúde e condições de trabalho: incluindo discussões sobre pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e combate aos programas de metas abusivas
Agosto
6 e 13/08 – Cláusulas econômicas
20/08 – Em definição
27/08 – Em definição
Fonte: Contraf-CUT