Os três maiores bancos privados do Brasil (Bradesco, Itaú e Santander) apresentaram seus balanços do primeiro trimestre de 2021 com alta nos lucros em relação ao mesmo período de 2020. O lucro somado das três instituições foi de R$ 16,9 bilhões nos três primeiros meses do ano, alta média de 46,9% em relação ao mesmo período do ano anterior (2020).
“É um resultado muito expressivo para um ano de pandemia e com um cenário econômico tão delicado no país”, afirmou a economista Vivian Machado, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O maior lucro foi o do Bradesco, (R$ 6,5 bilhões, alta de 73,6%), seguido pelo Itaú (R$ 6,4 bilhões, alta de 63,5%). O Santander foi o banco que apresentou a menor alta em seu resultado (+4,8% no período), no entanto este foi o maior lucro trimestral do banco desde 2010, totalizando R$ 4 bilhões.
“A rentabilidade (resultado sobre o patrimônio líquido médio anualizado dos bancos – ROE) destes bancos variou entre 18,7% (no Itaú Unibanco e no Bradesco, ambos crescendo 5,7 pontos percentuais e 7 pontos percentuais, respectivamente) e 20,9% no Santander”, informou a economista.
Lucros incessantes
“A verdade é que os bancos nunca pararam de lucrar alto. Os crescimentos divulgados para este primeiro trimestre de 2021 são comparados a números rebaixados artificialmente pelos bancos com provisões estrondosas no ano passado”, observou o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mario Raia.
Raia lembrou que, no primeiro trimestre de 2020, os bancos apresentaram resultados com grandes provisões para dívidas duvidosas (PDD) com medo de calotes. “Os índices de inadimplência estavam e continuaram muito baixos. As provisões acabaram maquiando o grande lucro que eles tiveram no ano passado, assim como tiveram este ano, mostrando, mais uma vez, que os bancos, com crise, ou sem ela, lucram muito”, completou.
DEMISSÕES E FECHAMENTO DE AGÊNCIAS
Mesmo com os altos lucros, os bancos continuam demitindo seus funcionários para reduzir custos. Considerando o saldo de demissões e contratações destes três bancos, houve uma redução de 8.625 postos de trabalho bancário.
“E a redução de postos poderia ser ainda maior, não fosse o Itaú apresentar seus números considerando os funcionários de uma empresa que comprou. Na verdade, não são novos empregos”, informou o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT. “Esse fato acaba criando viés na informação”, completou.
As demissões já causam grande prejuízo aos clientes, que têm que esperar ainda mais tempo nas já longas filas. Mas, além de demitir, os bancos estão fechando agências. Do final de março de 2020 para o final de março deste ano, o Bradesco fechou 1.088 agências, o Itaú 115 e o Santander 140 agências e 91 Postos de Atendimento Bancário (PABs).
“Os bancos dizem estar investindo em ferramentas de atendimento eletrônico, pela internet. Mas, a pandemia nos mostrou que esta não é a realidade do país. Muita gente não apenas prefere e sim precisa do atendimento presencial”, criticou o dirigente da Contraf-CUT.
“O resultado disso é o descumprimento da função que está estipulada na lei que regulamenta o sistema financeiro, que determina que os bancos devem garantir o atendimento e a oferta de serviços bancários para todos e em todo o país”.
Os dados podem ser conferidos nas análises dos balanços apresentados pelo Bradesco, Itaú e Santander feitas pelo Dieese.
Fonte: Contraf-CUT