A taxa básica de juros da economia brasileira, chamada Selic, encontra-se no alto patamar de 13,75% desde agosto de 2022. No dia 1º de fevereiro, em sua primeira reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu pela manutenção deste percentual pela quinta vez consecutiva.
O alto percentual encarece o crédito, faz com que o crescimento do país desacelere e, consequentemente, são gerados menos empregos e menos renda para a população. E quem lucra neste cenário? Justamente aqueles que já são ricos: bancos, credores da dívida pública e acionistas.
Em entrevistas recentes, o presidente Lula demonstrou seu descontentamento com as decisões do Banco Central, presidido por Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro. Para Lula, a política de juros altos não combina com a necessidade de crescimento do Brasil. Para se ter ideia, hoje o país tem a maior taxa real – quando se subtrai a inflação – de juros do mundo, no patamar de 8%. Isto transforma o Brasil em um paraíso para rentista e o coloca na contramão das principais economias do mundo.
Segundo o Copom, a manutenção do patamar de 13,75% se justifica por fatores como “pressões inflacionárias globais” e “elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país”. Porém, na prática, a política mostra que o Banco Central “autônomo” representa, na realidade, os interesses do mercado financeiro, não os da população. A política de elevação da taxa básica de juros coincide, exatamente, com a aprovação da lei que estabeleceu a autonomia do BC e fixou mandatos para presidente e diretores da instituição.
Estima-se que os aumentos sucessivos na Selic representaram um acréscimo de R$ 410 bilhões de despesa para o Tesouro somente nos dois últimos anos. “Um dinheiro que poderia ser usado em benefício dos mais pobres, com investimentos em saúde, educação, infraestrutura e saneamento, vai direto para as mãos de rentistas, grandes fundos e instituições financeiras. Isto não se justifica. Não podemos aceitar uma taxa de juros que não resolve o problema da inflação e ainda freia o desenvolvimento social e econômico do Brasil”, destacou Ramon Peres, presidente do Sindicato.
Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Valor Econômico