Resumo:
• Cansaço e fadiga constante são resultado da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas
• Mais de um terço dos bancári@s recorrem a antidepressivos, ansiolíticos ou estimulantes para se medicarem
• Transtornos mentais e comportamentais foram a principal causa dos afastamentos na categoria
Nesta terça (11), a partir das 14h, o Comando Nacional d@s Bancári@s faz a terceira rodada de negociações da Campanha Nacional 2020 com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
O tema será Saúde e Condições de Trabalho. Condições de trabalho precárias, novas ferramentas de gestão, forte pressão para se atingir metas são parte de um cenário que se desenvolve nos últimos anos e que foi agravado pela pandemia do coronavírus.
A negociação desta terça tem por base a minuta entregue pelo comando para a Fenaban, elaborada com base em consulta nacional feita este ano com quase 30 mil bancári@s.
Mais da metade dos entrevistados (54,1%) respondeu que o cansaço e a fadiga constante são o resultado da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas. A consulta permitia mais de uma resposta. A crise de ansiedade foi apontada por 51,6% como impacto na saúde.
Outros efeitos do trabalho exaustivo identificados na consulta foram dificuldade para dormir (39,3%); crise de ansiedade (51,6%); crises constantes de dor de cabeça (24,2%), e dores de estômago e gastrite (24,1%). Mais de um terço dos bancári@s (35%) recorrem a antidepressivos, ansiolíticos ou estimulantes para se medicarem.
ADOECIMENTO CRESCENTE
A reestruturação das atividades bancárias nas últimas décadas modificou o contexto de trabalho trazendo crescente adoecimento da categoria. Gerou mais pressão e levou muito trabalhadores do setor a se afastarem do trabalho.
Levantamento do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese) com dados da Previdência Social mostra que, de 2009 a 2013, houve um aumento de 40,4% do número total de auxílio-previdenciário e de auxílio-acidentário concedidos aos trabalhadores do setor bancário.
Nos demais setores da economia também houve elevação do número de benefícios no período, porém, num ritmo menor do que o verificado nos bancos. Nesses setores, o crescimento foi de 26,2%.
Quando o tema é o dano à saúde, o destaque vai para o aumento das doenças relacionadas ao trabalho como os transtornos mentais. De 2014 a 2018, os transtornos mentais e comportamentais foram a principal causa dos afastamentos, com participação crescente, em torno de 28%.
PANDEMIA
Em 2020, o Comando Nacional d@s Bancári@s negociou com a Fenaban e conquistou medidas para prevenção da saúde da categoria logo no início da pandemia. Ao longo da quarentena, cerca de 300 mil bancári@s foram liberados para trabalhar em casa em mudança nos salários.
O Comando Nacional d@s Bancári@s vai cobrar a continuidade da política que cobrou no início da pandemia, que os bancos passem a adotar uma política de teletrabalho para os bancário@s que coabitam com pessoas do grupo de risco. “Já tivemos bancári@s que tiveram problemas com seus familiares e que tinham de sair para trabalhar. Isso expõe a vida dos familiares a risco”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), coordenadora do Comando.
Fonte: ContrafCUT