Após receber inúmeras denúncias de bancários sobre diversos problemas decorrentes da incorporação do HSBC pelo Bradesco, o Sindicato de São Paulo solicitou reunião com a direção do banco para abordar cada uma das questões relatadas e buscar soluções. No encontro, na quarta-feira 20, a direção do Bradesco reconheceu dificuldades no processo e se comprometeu a solucioná-las o mais rápido possível.
Sobrecarga – Uma das principais reclamações, além do treinamento prévio insuficiente, está relacionada à sobrecarga de trabalho durante o processo de incorporação. Bancários queixam-se de extrapolação da jornada, com a realização de mais que duas horas extras diárias, sem a observância do intervalo de descanso de uma hora; da forma como é feita a transferência provisória de funcionários de agências que já tinham a bandeira do Bradesco, conhecidas como “agências madrinhas”, para apoiar a migração nas antigas agências HSBC, com manutenção das mesmas metas, sobrecarregando os dois locais de trabalho; e desrespeito da escala no Telebanco, onde bancários chegam a trabalhar três finais de semana no mês.
A incorporação impactou em quase todos os departamentos do Bradesco.
“Estamos muito preocupados com o bem-estar dos bancários, com a questão da manutenção de metas mesmo em agências com quadro de funcionários desfalcado e com a sobrecarga extrema de trabalho. Cobramos que o Bradesco reveja as metas de cada local. Este período de incorporação é atípico e assim deve ser tratado. Não dá para cobrar os mesmos resultados, uma vez que existe uma dedicação enorme por parte dos trabalhadores para que a incorporação seja bem sucedida. Este esforço deve ser reconhecido”, destaca a presidenta do Sindicato de São Paulo e bancária do Bradesco, Juvandia Moreira.
Na reunião com o Sindicato, o Bradesco informou que em todos os departamentos, exceto o Telebanco – onde é aplicado sistema de escalas –, não ocorrerá mais trabalho aos finais de semana. Sobre horas extras, o banco reforçou que todas serão pagas aos trabalhadores.
Ao responder sobre a migração provisória de funcionários de “agências madrinhas” para antigas agências do HSBC, o banco assumiu o compromisso de buscar soluções para a sobrecarga de trabalho e para a questão das metas nos locais.
Sistema – Os bancários também se queixam de inúmeras falhas de sistema, principalmente no segmento Pessoas Jurídicas (Net Empresas). O Bradesco reconheceu o problema e afirmou que está agindo para solucioná-lo.
Plano de saúde – A migração do plano de saúde de ex-funcionários do HSBC para o Bradesco Saúde também ocasionou queixas em relação ao atendimento no novo plano. Por sua vez, o banco informou que está analisando cada caso grave para garantir que seja mantido o mesmo modelo de atendimento médico que os bancários possuíam antes da incorporação.
Kit de boas vindas – Sobre o kit de boas vindas entregue aos ex-funcionários do HSBC, no qual estava incluído o “protocolo de revogação de benefícios” que gerou polêmica entre os trabalhadores, o Bradesco informou que o mesmo tem mero caráter informativo.
Pagamento – A migração do pagamento dos ex-funcionários do HSBC para a mesma data dos bancários do Bradesco, penúltimo dia útil do mês, assim como dos produtos bancários utilizados pelos trabalhadores como cartões de crédito, foi deficitária em muitos casos, gerando transtornos para honrar compromissos financeiros. O banco informou que vai rever cada caso e não vai cobrar juros quando constatadas falhas de migração.
“Na reunião que tivemos com o Bradesco, o banco reconheceu os problemas e alegou que a compra do HSBC é talvez a maior incorporação já feita pela instituição. Disse ainda que tudo o que foi relatado já foi diagnosticado e está em fase de solução. Além disso, informou que agências que estavam abrindo das 8h às 17h, por conta da incorporação, tiveram o horário normalizado. Vamos continuar acompanhando de perto todo o processo e cobrando soluções rápidas para cada uma das questões discutidas. Esta situação não pode perdurar”, conclui a presidenta do Sindicato.