O Webinário “Sequelas da Covid-19 sobre a saúde dos trabalhadores”, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), na manhã desta quarta (28), marcou o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
Para o secretário, os acidentes de trabalho, em sua grande maioria, poderiam ser evitados e, na pandemia, muitas mortes poderiam não ocorreriam se os governantes ouvissem mais a ciência. “Nós, bancários, procuramos os bancos para negociar medidas protetivas. Conseguimos diversos avanços. Só não conseguimos mais por causa da busca incessante pelos bancos por lucros”, disse.
Mauro disse ainda que o webnário foi pensado para ajudar os trabalhadores que, por um motivo, ou outro, não conseguiram evitar a Covid-19 e sofrem com as sequelas da doença. “Temos de conhecer e aprofundar o debate para conquistar mais proteções aos trabalhadores que vem sofrendo com isso”, afirmou.
“Temos outra sequela, que é a gestão dos bancos na pandemia. Nossa categoria tradicionalmente tem um alto índice de adoecimento psíquicos e a LER/DORT. Com a pandemia, isso aumentou muito, até por conta do home office e da pressão por metas. Tenho certeza que este seminário vai nos ajudar a continuar pioneiros neste combate”, finalizou.
Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, que representa mais de 90% dos bancários no Brasil, lembrou que já foram realizadas mais de 40 rodadas de negociação desde o início da pandemia do coronavírus, em busca da proteção da saúde dos bancários.
“Conquistamos a criação de um protocolo de saúde e segurança nos bancos, colocamos mais de metade da categoria em home office. Cobramos dos bancos também informações corretas, que são fundamentais em momentos de crise, para os bancários. E agora nos deparamos com outro problema, que são as sequelas pós-Covid-19. Na conversa com os bancários de base percebemos uma série delas.”
“Queremos abrir a negociação sobre estas sequelas e vamos procurar banco a banco para saber que providencias eles estão tomando para esses trabalhadores, que tipo de acompanhamento e atendimento estão dando. Para isso, temos de entender bem deste tema, por isso a importância do webnário”, revelou.
Juvandia ainda enalteceu o tema, pela grande busca pelo evento. “Temos dirigentes sindicais bancários do Brasil inteiro, dirigentes de outras categorias, bancários de base e até profissionais de outras áreas que pediram inscrição para esse evento. Todo mundo achava que o problema da Covid-19 era apenas quando a pessoa estava contaminada, agora estamos vendo que não. Nossos convidados vão nos ajudar muito a entender o que está acontecendo e o que fazer com essas pessoas”, finalizou.
AS SEQUELAS FÍSICAS E MENTAIS DA COVID-19
A doutora Clarissa Lin Yasuda, médica e professora assistente de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP), apresentou os dados da pesquisa NeuroCovid, conduzida por ela, com pacientes que fazem múltiplas queixas, mesmo dois meses após a infecção.
“É uma grande honra estar aqui com vocês. A maioria das aulas que dei, eram para médicos e enfermeiros. Aqui estamos trabalhando para melhorar efetivamente a vida de toda uma categoria. Eu posso não trazer todas as respostas, mas vou me esforçar ao máximo para ajudar o quanto eu puder a todos os trabalhadores”, garantiu Clarissa.
GESTÃO DOS BANCOS NA PANDEMIA E OS IMPACTOS NA SAÚDE FÍSICA E MENTAL DOS BANCÁRIOS
A doutora Maria Maeno, médica e pesquisadora em Saúde do Trabalhador, comentou a postura dos bancos e seus serviços médicos na atenção aos bancários adoecidos; o medo de ser contaminado; reestruturações, demissões e a pressão por resultados; metas abusivas no contexto da pandemia e o home-office.
“É um momento muito difícil, sem perspectivas claras, ainda mais no Brasil, que é tratado como o epicentro da doença”, lamentou Maria Maeno. “Atualmente, estamos disputando a narrativa entre as saídas individuais e as ações conjuntas. Por isso, mais do que nunca, a ação sindical é fundamental, para que os bancários tenham consciência de como a coletividade é importante não só como categoria, mas também como sociedade.”