Mais de 180 mulheres trabalhadoras, representando sindicatos de todo o continente americano, reuniram-se durante toda esta quarta-feira 4, em La Falda, na Argentina, para trocar experiências, discutir os temas que afetam as mulheres na América e no mundo e organizar a luta para além das fronteiras. Os debates se deram na 7ª Conferência UNI Américas Mulheres, um dos diversos encontros da UNI Américas que estão ocorrendo em La Falda.
Entre os principais temas da Conferência estavam prevenção e combate à violência de gênero, por locais de trabalho seguros, mudanças tecnológicas, a implementação da Convenção 190 da OIT – que reconhece violência e assédio no trabalho como violações – e por mais mulheres nos espaços de poder e no mundo sindical.
ROMPENDO BARREIRAS
Compondo a delegação da Contraf-CUT, as bancárias brasileiras marcaram presença nos debates. A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, participou do primeiro painel do evento: Rompendo Barreiras, que discutiu a maior participação das mulheres nos espaços de representação sindical.
A moderadora dos debates citou a ampliação da participação feminina na Contraf-CUT, que alcançou mais de 40% de mulheres em sua diretoria, e perguntou a Neiva como isso transformou a agenda sindical. A presidenta do Sindicato respondeu que isso se refletiu na maior inclusão das pautas de gênero nas mesas de negociação com os bancos.
“Com a chegada de mais mulheres na direção da Contraf e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, a gente percebe que as pautas de igualdade salarial começam a vir para as mesas de negociação com mais frequência e com mais respeito. Assim como políticas e campanhas de combate à violência de gênero, à violência sexual, ao assédio moral e sexual são levadas mais a sério e são cumpridas com mais rigor, porque têm mulheres nas mesas cobrando que essas políticas sejam efetivadas e respeitadas”, disse Neiva.
Ela destacou ainda o papel do movimento sindical na elaboração da lei de igualdade salarial entre homens e mulheres, sancionada em 2023 pelo presidente Lula. “No Brasil é proibido agora que homens e mulheres [na mesma função] tenham salários desiguais. Embora esteja uma guerra porque nosso Congresso, majoritariamente de centro-direita, e os empresários estão lutando contra essa lei, porque não querem esse avanço.”
A secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes, participou do encontro levando a experiência brasileira: “Nós, do movimento sindical bancário brasileiro, temos, há 24 anos, uma mesa de igualdade de oportunidades, uma conquista histórica no setor e, mais recentemente, conquistamos por meio desta mesa, o compromisso dos bancos na criação de canais de atendimento de auxílio às vítimas de violência e assédio sexual”.
Sobre as conquistas das bancárias, nas mesas de negociação com os bancos, a dirigente brasileira falou da possibilidade de transferência das trabalhadoras para outras agências e alternância de horários para evitar a exposição ao agressor. “Essa abordagem abrangente tem resultado em um ambiente mais seguro e na valorização dos direitos das mulheres no trabalho”, observou.
Por fim, Fernanda Lopes destacou que, na última negociação coletiva, que ocorreu neste ano, a categoria bancária conseguiu dos bancos o compromisso de ampliar o combate à violência, com a criação de um capítulo na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) intitulado “Reforço no combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho”. Outro avanço para a CCT recente foi o repúdio, por parte dos bancos, à discriminação e uso do nome social antes da obtenção do registo civil, contemplando a comunidade LGBTQIA+.
Fonte: Contraf-CUT