Os funcionários do Banco do Brasil iniciam a semana de trabalho com intranquilidade e indignação. O banco anunciou, neste domingo (20), em comunicado à imprensa e ao mercado, uma grande reestruturação envolvendo corte de agências e redução do quadro de funcionários.
O BB reduzirá sua estrutura em todos as áreas, principalmente na rede de agências, onde 379 serão transformadas em postos de atendimento e 402 serão fechadas.
O banco comunicou um Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI), de adesão voluntária até 09 de dezembro de 2016, com incentivo aos funcionários que reúnam condições para se aposentar. O público alvo é de 18.000 funcionários. Além dos cortes de dotação de pessoas e plano de aposentadoria, o BB também anunciou a ampliação do público alvo da jornada de 6 horas, estendendo a opção aos assessores de todas unidades.
Sob o comando do governo ilegítimo de Michel Temer, o plano é cortar R$ 750 milhões de gastos do banco, sendo R$ 450 milhões com a nova estrutura organizacional e R$ 300 milhões com redução de despesas com transporte de valores, segurança e imóveis. Medida que segue na contramão do papel que o banco vinha desempenhando, nos últimos anos, de fomento ao desenvolvimento social e econômico do País. O Banco do Brasil teve lucro líquido de R$ 7,070 bilhões nos nove primeiros meses de 2016
ContrafCUT quer negociar direitos
A Contraf-CUT e a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil entraram em contato com a direção do banco neste domingo (20) para agendar urgentemente uma reunião para esclarecimento das medidas e negociação de garantias e direitos dos funcionários que serão afetados. A reunião ficou marcada para a esta terça-feira (22) em Brasília.
O secretário-geral da Contraf-CUT, Carlos de Souza, ressalta que a entidade é contrária a qualquer projeto que tente destruir a política de valorização do Banco do Brasil e de seus funcionários.
“Nos últimos 15 anos, os banco vinha se reconstruindo, após o ataque neoliberal da década de 1990. Nestes últimos anos retomamos o número de funcionários e recuperamos mais de 50 mil empregos perdidos. O banco foi se atualizando e disputando com os grandes, como Itaú e Bradesco, sendo, durante muito tempo, o maior banco do país. É inadmissível que um governo golpista, ilegítimo, tente destruir este trabalho”, afirma o secretário da Contraf-CUT.
Para Wagner Nascimento, Coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, um pacote de medidas tão significativas e que afetam tantos funcionários deveria ter sido comunicado diretamente aos representantes dos trabalhadores e não via imprensa.
“Fechamento de centros de serviços e centenas de agências vão prejudicar muito os funcionários e estes precisam de atenção. O banco precisa respeitar mais os seus funcionários e pode começar abrindo um canal de negociação efetiva quanto aos impactos das medidas anunciadas”, critica Wagner.
Postura de Temer causa indignação
Logo após a finalização da Campanha Nacional dos Bancários, em outubro deste ano, durante entrevista à Globonews, Temer afirmou que o “Banco do Brasil estava pensando em cortar uma porção de funções, de cargos que lá existem, que são absolutamente desnecessários”.
O Banco vinha constantemente negando e dando respostas evasivas quando perguntado sobre redução de funcionários. Nas redes sociais já circulavam documentos com detalhes da reestruturação. Somente após o vazamento à imprensa, o banco divulgou a notícia aos seus funcionários, que serão os mais afetados pelas medidas de corte de gastos.
“Um desrespeito com os trabalhadores. Precisamos conhecer cada detalhe da reestruturação para orientar os funcionários sobre a adesão ao plano de aposentadoria e redução da jornada. Contudo, nossa grande preocupação no momento é com as bancárias e bancários que terão suas unidades reduzidas ou fechadas”, explica Wagner Nascimento.
“Estão tirando a tranquilidade do conjunto de funcionários e levando a um momento de insegurança. É bom deixar claro, que a Contraf-CUT é contrária a este pacote de mudanças e vamos lutar contra este ataque”, conclui Carlos de Souza.
Fonte: Contraf-CUT