A realidade nas agências do Santander não está nada fácil para os clientes e trabalhadores do banco. O quadro da falta de funcionários ficou ainda pior com a dispensa de aproximadamente 20% dos bancários em apenas sete meses (fevereiro a agosto de 2021) em Uberaba. Os clientes e usuários do banco são os maiores prejudicados, já que as filas estão cada vez mais fortes.
Para os trabalhadores, a realidade não é melhor. Com menos funcionários e mais contas para atender, há um acúmulo de funções, sobrecarga de trabalho, aglomerações e aumento da cobrança de metas. “O cenário tende a levar adoecimento aos bancários”, ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários de Uberaba, Diego Bunazar.
A situação é tão crítica que uma grande parte das demissões está sendo solicitada pelos próprios funcionários, por conta do pessoal não suportar a cobrança e as más condições de trabalho.
No terceiro trimestre de 2016, o Santander tinha 34 milhões de clientes, número que saltou para 51,8 milhões no terceiro trimestre de 2021. Um aumento de 52,4%.
O banco espanhol também fechou 226 agências no país entre o terceiro trimestre de 2016 e o terceiro trimestre de 2021, passando de 2.255 para 2.029, uma queda de 10% do total. Os dados são das Demonstrações Financeiras do Banco Santander.
HORÁRIO DE ATENDIMENTO
Mesmo diante deste cenário de fechamento de agências e aumento exponencial do número de clientes, o Santander estendeu o horário de atendimento das agências, com início às 9h para público preferencial, medida tomada de forma unilateral e sem nenhum diálogo com a representação dos trabalhadores, e que evidenciou ainda mais a falta de funcionários e os problemas decorrentes.
“Estender o horário de atendimento é tampar o sol com a peneira. Sem bancários o atendimento segue prejudicado. E não há sinais de melhora, segundo as sinalizações da gestão do banco espanhol”, aponta Diego Bunazar.
Por todo o país se tem verificado que o fluxo de clientes tem aumentado consideravelmente após às 14 horas, gerando aglomerações. Por todo o país, os funcionários têm relatado que não estão conseguindo lidar com tantas horas ininterruptas de atendimento. O fluxo e os processos de trabalho não estão adequados, de forma que os trabalhadores não estão conseguindo lidar com o atendimento ao público, simultaneamente a todo o trabalho operacional da agência.
LUCRATIVIDADE DO BANCO
A lucratividade no banco não justifica a continuidade das demissões. O banco Santander obteve lucro líquido gerencial de R$ 12,467 bilhões nos nove primeiros meses de 2021, crescimento de 29,4% em relação ao mesmo período de 2020 e uma rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado – ROE) de 22,4%, alta de 1,4 ponto percentual (p.p.) em doze meses. De julho a setembro deste ano, o lucro líquido do banco no país atingiu R$ 4.340 bilhões, 27,6% do lucro global, que foi de € 6.379 bilhões.
Em setembro de 2021, as receitas com tarifas seriam suficientes para pagar todas as despesas com os funcionários e ainda sobraria 113,14% do valor. “A avaliação do movimento sindical é que o tamanho das filas mostra que não há quantidade suficiente de funcionários no atendimento. O cliente, que é quem paga a conta, é prejudicado. A receita com tarifas mostra que o banco poderia dobrar o número de pessoas para atender a demanda”, ressalta o presidente do Sindicato, Diego Bunazar.