O banco Santander obteve um Lucro Líquido Gerencial de R$ 13,849 bilhões em 2020. Desconsiderando o efeito da provisão extraordinária (PDD), o lucro seria ainda maior, alcançando os R$ 15,609 bilhões, alta de 7,3% em doze meses e 1,4% no trimestre.
A rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado – ROE) chegou aos 19,1%. Sem o efeito da PDD, a rentabilidade atinge os 21,5%, alta de 0,2 pontos percentuais em um ano.
“O governo libera dinheiro para os bancos. E os bancos arrecadam dinheiro dos clientes e da sociedade como um todo. Não é de se impressionar que, desta forma, o banco consiga, em pleno período de pandemia, com um monte de empresas fechando, obter tamanho lucro. E, mais do que o lucro, tamanha rentabilidade”, criticou o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mario Raia.
“O que é impressionante é que, mesmo diante deste esplendido resultado, o banco demita e reduza seu quadro de funcionários”, continuou.
A holding encerrou o ano com 44.599 empregados, 3.220 postos de trabalho a menos em doze meses, sendo 2.593 entre março e dezembro de 2020, mesmo após o Santander ter assumido o compromisso de “Não Demissão” durante a pandemia.
O CLIENTE PAGA A CONTA
“Os funcionários são prejudicados com a perda de emprego, mas essa redução de quadro também afeta em cheio a população, que tem um serviço precarizado e vê as filas aumentarem. O mesmo acontece com o fechamento de agências. O cliente precisa realizar um deslocamento muito maior para encontrar uma agência”, disse a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE), Lucimara Malaquias, ao lembrar que, em um ano, o banco fechou 175 agências, 106 delas entre abril e dezembro de 2020.
Não é à toa, que a soma das receitas obtidas com prestação de serviços e tarifas bancárias pelo Santander em 2020 totaliza R$ 18,464 bilhões. O valor é alto, mas para o banco é uma fonte irrisória frente ao que ele arrecada com as demais transações financeiras. Mesmo assim, é mais do que o dobro (204,4%) gasto nas despesas de pessoal, atingindo R$ 9,035 bilhões no período.
O BRASIL SALVA
Segundo dados divulgados pelo banco, o resultado global foi de € 8,871 bilhões de prejuízo, fortemente impactado pelas provisões para perdas em decorrência da pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) no mundo.
“O Brasil e os brasileiros salvam o Santander. É daqui que o banco obtém, em média, 30% do seu lucro. Talvez em decorrência das altas taxas cobradas dos seus clientes e das tarifas que são cobradas, inclusive dos funcionários, diferentemente do que acontece em outros países”, concluiu Mario Raia, que representa a Contraf-CUT na COE.
Fonte: Contraf-CUT