Entre a população adulta brasileira que vive do trabalho, quatro em cada dez se sentem sob risco psicológico. A mesma parcela já fez, está fazendo ou sente que precisa fazer uso de medicamentos psiquiátricos e três em cada dez trabalhadores executam mais de uma atividade para complementar a renda. Na avaliação da equipe responsável pelo estudo, esses dados são reflexo da precarização do trabalho e da insegurança financeira.
“O fato de ter emprego já não é garantia de que não se está na linha da pobreza”, avalia a analista de pesquisa Jordana Dias Pereira, da Fundação Perseu Abramo. Quando questionados sobre o principal ponto negativo do trabalho por conta própria, 64% informaram ser a preocupação de ficarem incapacitados e sem renda.
Com relação aos direitos trabalhistas, 79% dos entrevistados citaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e 69% mencionaram o seguro-desemprego como benefícios a que gostariam de ter acesso. “Olhando para os dados, a gente encontrou uma demanda por bem-estar e seguridade social”, afirma a analista.
As pesquisas “As classes trabalhadoras”, foram organizadas pelo Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Fundação Perseu Abramo e coordenadas pela Comissão Organizadora do Centro de Análise da Sociedade Brasileira (CASB).
Realizada entre novembro e dezembro de 2023, a pesquisa foi dividida em duas etapas. Para a parte quantitativa, os pesquisadores ouviram 4.017 pessoas da classe trabalhadora, com idade entre 18 e 55 anos. Na fase qualitativa, conduzida entre junho e julho de 2023, o estudo abordou 14 grupos focais de trabalhadores de empresas de plataformas digitais (motoristas, entregadores, profissionais de beleza, cuidado e limpeza) de São Paulo e região metropolitana.
Os entrevistados para a fase qualitativa indicaram uma piora na relação entre trabalhadores e empresas de plataformas digitais. Entre as reclamações, estão a exploração, sobretaxas e ausência de direitos. “Neste sentido, demandam por direitos e benefícios da CLT, especialmente assistência em caso de doença, acidente e gravidez – o que se vincula ao medo que possuem do desemprego e falta de renda”, aponta o relatório da pesquisa.
Fonte: Brasil de Fato