Resumo:
• Empresas lucrativas demitem e governo Bolsonaro nada faz
• Bancos não cumprem o compromisso de não demitir durante a pandemia
• Eficiência do setor financeiro não mira bons serviços, mas menores custos
A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, criticou as demissões que estão sendo promovidas pelos grandes bancos brasileiros em meio à pandemia do novo coronavírus. “Esses bancos estão em boa situação financeira, muito melhor do que outras empresas, mais atingidas pela crise sanitária, e mesmo assim passaram a demitir, eliminando postos de trabalho. Fazem isso depois de firmarem um acordo de não promoverem demissões durante a pandemia. Só que a pandemia ainda não acabou”, afirmou Juvandia. A Contraf-CUT e o movimento sindical têm feito campanha para denunciar a quebra de compromisso das instituições financeiras.
“Essas demissões estão acontecendo porque o governo Bolsonaro não tem compromisso com os trabalhadores. Em outros países, o governo federal não deixa que as empresas lucrativas demitam”, criticou a presidenta da Contraf-CUT.
Desde o início da pandemia, o Santander demitiu mais de mil bancários. Outras 400 demissões foram feitas pelo Itaú e o Bradesco anuncia que também vai demitir. Nesta segunda-feira (29), o Bradesco enviou aos funcionários comunicado no qual informa que irá conceder um benefício adicional no desligamento sem justa causa. O documento alertou os bancários para demissões.
“O Bradesco foi a companhia aberta com os maiores lucros da América Latina nesse primeiro semestre. Foram mais de R$ 7 bilhões; o Itaú é a marca mais valiosa do Brasil avaliada em R$ 24,5 bilhões e o Santander tira do Brasil seu maior lucro no mundo”, lembrou a presidenta da Contraf-CUT.
MARKETING
Um dos grandes bancos que descumpre o acordo firmado no começo da pandemia é o Itaú. Foram cerca de 400 demissões, principalmente no setor de Veículos. “Depois que a gente fechou a campanha nacional dos bancários, o Itaú começou a demitir. O banco doou 1 bilhão na pandemia, mas demite. Isso era só marketing? Como fica sua imagem sabendo que a marca Itaú é a mais valiosa do país e está demitindo?”, questiona Juvandia.
O campeão das demissões em 2020 é o Santander. Foram cerca de mil bancários demitidos desde maio, quando o banco começou a escalada de demissões. O lucro do banco no país representa 32% de todo seu lucro mundial. O Santander fez uma reserva de R$ 10,4 bi, para cobrir possíveis calotes que reduziu o lucro de R$ 7,749 bilhões para R$ 5,989 bilhões. Sem as provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD), a queda no lucro do Santander viraria crescimento de 8,8%. O Banco Central havia liberado as PDDs, mas mesmo assim os grandes bancos provisionaram. “Não existe qualquer justificativa econômica para as demissões nesses bancos. São instituições com comprovada saúde financeira”, avalia a presidenta da Contraf-CUT.
EFICIÊNCIA?
Nos balanços financeiros, os grandes bancos divulgam o chamado “Índice de Eficiência Bancária”, que resulta da divisão entre as despesas não decorrentes de juros, entre as quais se destacam as despesas com pessoal e tributárias e as receitas auferidas pelos bancos, entre elas, a receita de prestação de serviços. Por exemplo, um banco com índice de eficiência de 41% é aquele que, para obter uma receita de R$ 100,00, gasta R$ 41,00. Na lógica do Índice de Eficiência Bancária, esse banco deverá obter os mesmos R$ 100,00 com menos despesas.
LUTA CONTRA AS DEMISSÕES
A Contraf-CUT cobra a suspensão das demissões e continua com a campanha para denunciar a quebra de compromisso dos bancos de não demitir durante a pandemia, articulando as várias campanhas contra as demissões que já vem ocorrendo em cada banco. Serão organizadas manifestações e ações pelas redes sociais para mostrar que demissões não combinam com os bons resultados financeiros dos bancos em 2020.
Fonte: ContrafCUT