Pelo segundo mês consecutivo, o emprego formal no setor bancário apresentou fechamento de postos de trabalho, segundo levantamento do emprego do bancário realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados de abril do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No mês ocorreram 3.232 admissões e 3.296 desligamentos.
“O número de desligamentos foi o maior dos últimos seis meses e ajustes futuros poderão elevar ainda mais este número”, observa o Dieese em seu estudo. Tamanho desligamento pode estar associado ao aumento da rotatividade no setor.
Outro apontamento feito pelo Dieese é que as demissões voluntárias, a pedido do trabalhador, permanecem em altos patamares. Desde setembro de 2021, este tipo de desligamento está acima de 40% da totalidade. Em abril chegou a 42% do total. No ano (janeiro a abril/2022), mais de 5 mil trabalhadores bancários solicitaram demissão, o que corresponde a 46,6% do total de desligamentos. A média de pedido de desligamentos no emprego formal brasileiro, no mesmo período, foi de 33,3%.
“Apesar de não ser possível determinar, de maneira contundente, o motivo dos desligamentos, uma vez que a falta de obrigatoriedade de homologação de demissões dificulta investigações, algumas hipóteses são a de que a flexibilidade promovida pelo home office favorece mudanças e transferências; a migração de trabalhadores para bancos digitais, fintechs e corretoras de valores, muitas vezes por terceirização do trabalho bancário promovida pelos próprios bancos; e o esgotamento dos trabalhadores por conta de pressões pelo cumprimento de metas abusivas”, observou o economista Gustavo Cavarsan, um dos responsáveis pelo levantamento realizado pelo Dieese.
FAIXA ETÁRIA E SEXO
O levantamento do Dieese mostra ainda uma triste realidade de discriminação de gênero. A distribuição da movimentação do emprego aponta que o resultado em abril foi influenciado pelo saldo negativo ocorrido entre as mulheres (-349 postos). Entre os homens, o saldo foi positivo em 285 postos.
No que toca a questão das faixas etárias, é possível observar saldo positivo entre as faixas até 29 anos, com ampliação de 673 vagas. Já para as demais faixas etárias, foi notado movimento contrário, com fechamento de 740 vagas.
“Neste ponto, a análise mostra o achatamento dos salários da categoria, uma vez que os salários pagos aos bancários admitidos em abril representavam, em média, apenas 83,6% do valor recebido pelos demitidos. Ou seja, os bancos demitem bancários mais experientes, com salários maiores, e contrata outros, mais jovens com salários menores”, observou o economista do Dieese.
Fonte: Contraf-CUT