O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado na última sexta (5 de junho), alerta para as consequências das ações humanas na natureza. O estudo “Brasil pós-pandemia: mais do mesmo? Ideias urgentes para o futuro do trabalho e do meio ambiente” do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) faz um alerta: A poluição e extinção da nossa flora e fauna pode ter uma piora caso não haja um plano para o pós-pandemia.
O documento abordou a importância da prevenção da natureza e defendeu o modelo de “transição justa”, com o abandono de atividades que prejudicam a natureza, em favor de “empregos verdes”, mais limpos e sustentáveis.
O texto cita também um estudo realizado pela Oxfam (2015), que indica que os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis pela emissão de 49% de CO², enquanto a metade mais pobre da população mundial é responsável por 10%.
“Os padrões de consumo dos países ricos e dos ricos de todo o mundo deverão ser revistos. Os ricos se apropriam da maior parte dos bens naturais e são os menos atingidos pelos seus efeitos. Não são, portanto, os pobres ou a pobreza que devem ser responsabilizados pelos impactos negativos da ação dos homens sobre a natureza, como têm afirmado os ministros da Economia – Paulo Guedes – e do Meio Ambiente – Ricardo Sales – sobre as queimadas na Amazônia”, diz o estudo.
O Dieese aponta, ainda, importância do movimento sindical para esta tarefa. “O meio ambiente deve ser concebido em um contexto único e sistêmico da relação homem-natureza, uma vez que as ações do ser humano provocam reações no meio. É preciso rever os paradigmas do que se entende por desenvolvimento econômico sustentável, já que nem mesmo a propagação dos conceitos aliada aos avanços tecnológicos tem sido capaz de redimir o planeta dos impactos ambientais. A geração de empregos realmente sustentáveis pode ser uma boa e oportuna escolha para a compreensão do ambiente como um todo, e essa bandeira não pode ser coerentemente conduzida senão pelos sindicatos de trabalhadores”.
Propostas
Em entrevista para o Jornal Brasil Atual, a economista do Dieese, Renata Belzunces, explicou, nesta sexta (5), que o remanejamento de trabalhadores de setores econômicos podem causar impactos e comprometer o meio ambiente, assim como o futuro das próximas gerações.
Em substituição a essas atividades, a economista destaca a necessidade de investimentos em saneamento básico e transporte coletivo nas grandes cidades brasileiras. Há ainda a chamada economia do cuidado, com empregos mais sustentáveis no setor de serviços, que também podem ser classificados como “empregos verdes”.
Ela defende uma aliança entre governos, empresas, trabalhadores e sindicatos para a criação de empregos mais sustentáveis no pós-pandemia. “Existe a necessidade imperiosa dos trabalhadores e sindicatos colocarem os termos da transição justa na negociação coletiva. Isso é defender empregos. Os empregos poluentes serão mal vistos e deixarão de existir. Chegando ao risco de não haver emprego nenhum no futuro”, afirmou a economista.
Fonte: ContrafCUT