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CAIXA: EMPREGADOS EXIGEM FIM DA COBRANÇA DE METAS

A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reuniu na sexta (26), com o banco para tratar sobre os diversos problemas do dia a dia que afetam a saúde do trabalhador.

“Não é possível que quase 76% dos casos de afastamentos para tratamento de saúde de empregados da Caixa, devido a questões relacionadas ao trabalho (B91), sejam por causa problemas mentais ou comportamentais”, disse o diretor da Contraf-CUT e coordenador da CEE/Caixa, Rafael de Castro.

Para ele, esses problemas são causados pelas ferramentas adoecedoras utilizadas pelo banco para fazer a gestão de pessoas e a cobrança abusiva de metas, além da falta de orientação da direção para gerir as equipes de forma humanizada.

Levantamento do Dieese aponta que, entre os principais motivos de afastamentos acidentários (B91) das empregadas e empregados da Caixa, 75,4% são devido a tratamentos de doenças mentais e comportamentais; 12,8% a doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo; 3,1% a fraturas; e 0,2% a problemas nervosos.

Segundo a Caixa, a taxa de absenteísmo no banco é de 3,51%, e todos os empregados que tenham sido cobrados por tratamentos de doenças relacionadas ao trabalho (B91), devem entrar em contato com o banco para serem ressarcidos, pois os custos são de responsabilidade do banco.

Segundo o representante da Federa-RJ, Rogério Campanate, a forma como a Caixa apresentou os números de absenteísmo e de doenças mentais no banco deu a aparência de que o número de afastamentos na Caixa é pequeno. Na consulta nacional aos bancários, esse número fica em torno de 40% (mais de três vezes a média mundial), condizente com a pesquisa realizada pelo Dieese no âmbito do estado do Rio de Janeiro”, observou. 

 

É preciso resolver
“A Caixa precisa olhar para todos os instrumentos de acompanhamento que possui e observá-los enquanto instrumentos adoecedores que são. O TDV (time de vendas), por exemplo, coloca indivíduos para disputar individualmente, o tempo todo para estar no time, mas não são um time, já que não é um trabalho de equipe. E esse instrumento tem sido imprescindível para a avaliação individual e promoções”, disse a representante da Fetec-CUT/SP, Vivian Sá.

Além dos instrumentos adoecedores, o coordenador da CEE/Caixa citou exemplos de práticas adoecedoras: cobrança pelo WhatsApp, Teams, ligações-ponte; e controle de hora em hora no meio e até depois do expediente. “É desvirtuamento completo da relação cliente-empregado, onde o foco é o resultado do banco e não a necessidade do cliente que atendemos”, disse Rafael.

A Caixa se comprometeu a acabar com o feedback de caráter punitivo e utilizar o mecanismo apenas para contribuir com o desenvolvimento das empregadas e empregados.

Os empregados também lembraram que faz dois anos que toda a mídia divulgou as denúncias de assédio moral e sexual envolvendo o ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, e que não houve punição para o principal denunciado. Cobraram solução para o caso para evitar que empregados e empregadas fiquem com receio de denunciar e ainda serem punidos por fazerem a denúncia.

 

Políticas de prevenção


Os empregados também exigiram a melhoria do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com mais credenciamento de profissionais e clínicas de saúde para a realização dos exames e também com políticas efetivas de prevenção.

“A Caixa joga nas costas dos empregados a responsabilidade pela sua saúde com programas voltados para prática de esporte, lazer e atividades lúdicas, entretanto, ações práticas para o fim da estrutura adoecedora não foram apresentadas, como o fim de metas abusivas, o fim da gestão por medo e do assédio moral e a garantia da remuneração, com o medo do descomissionamento arbitrário”, observou o representante da Fetec-CN, Antonio Abdan. “Esperamos da empresa o desenvolvimento de um ambiente de trabalho que não adoeça”, completou.

 

Derruba o teto


A CEE também cobrou o fim do teto de 6,5% da folha de pagamentos para gastos da Caixa com a saúde dos empregados. Lembraram que o teto foi inserido no estatuto do banco por causa de uma leitura equivocada do CPC33, que limita os gastos das empresas de economia aberta com a saúde dos empregados. A representação sindical dos trabalhadores observou que, como a Caixa não possui ações na Bolsa de Valores, não teria a obrigação de se enquadrar ao CPC33.

“Foi uma conquista a manutenção do modelo 70/30 para o custeio do Saúde Caixa. Mas, por causa do teto de 6,5%, nos últimos anos a Caixa não tem arcado com os 70% dos custos que lhe caberia. Precisamos retirar este teto do estatuto do banco para que ele arque, efetivamente, com os 70% dos custos que cabe”, defendeu o representante da Feeb-BA/SE, Emanoel de Souza.

Além disso, os empregados cobraram que todos os custos que a Caixa joga para o Saúde Caixa, que não seja efetivamente de saúde, como os custos da escola inclusiva, sejam arcados pela Caixa, como os custos da escola inclusiva para os filhos neurodivergentes de empregadas e empregados e aqueles gerados por doenças ocupacionais (B91).

A Caixa se dispôs a realizar uma reunião do GT de Saúde, para tratar de questões específicas que envolvem o Saúde Caixa na terça-feira (30), ainda sem horário definido e, a pedido dos empregados, divulgou a relação de nomes dos responsáveis pelas Gipes, que começam a funcionar a partir de 5 de agosto.

Gipes Belém – Emelyn Azevedo
Gipes BH – Ricardo Lopes Broto
Gipes DF – Diogo Almeida
Gipes Curitiba – Marcia Shizue
Gipes São Paulo – Leandro José Correia
Gipes Salvador – Claudia Mierlo
Gipes Rio de Janeiro – Rodrigo Pereira
Gipes Fortaleza em aberto

Outras reivindicações

A representação dos empregados entregou à Caixa um documento com propostas para o equacionamento do déficit do plano REG/Replan, da Funcef e cobrou a instalação de um grupo tripartite entre a Contraf/CEE, a Caixa e a Funcef para negociar o equacionamento.

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