Em assembleia virtual realizada nesta quinta, os empregados da Caixa Econômica Federal da base do Sindicato dos Bancários de Uberaba e região aprovaram o estado de greve no banco.
Além não pagar uma parte devida da PLR – Participação nos Lucros e Resultados e piorar as condições de trabalho com a diminuição dos funcionários, o banco também está criando manobras para privatizar a instituição.
O estado de greve serão motivos de debate nacional para a construção de um movimento forte e de unidade.
MOTIVOS PARA O ESTADO DE GREVE
O governo federal pretende abrir o capital de uma das operações mais rentáveis do banco: a Caixa Seguridade, no dia 29 de abril.
A gestão Bolsonaro também pressiona a Caixa pela devolução dos Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCDs) – contratos feitos junto ao Tesouro Nacional, que capitalizam o banco e permitem a ampliação da oferta de crédito, a diminuição da taxa de juros e o aumento da capacidade do banco em investimentos na habitação, saneamento, infraestrutura, entre outros.
Ambas as medidas resultarão na queda de rentabilidade do banco e consequente enfraquecimento frente à concorrência privada.
A direção do banco pretende ainda criar uma subsidiária chamada Banco Digital, com outro CNPJ, e transferir para esta nova empresa todas as operações sociais do banco, como pagamentos do Bolsa Família, Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida (que será substituído pelo Casa Verde e Amarela).
Estas medidas são encaradas pelo movimento sindical como mais uma tentativa do governo federal de privatizar o único banco 100% público do país.
“O projeto da equipe econômica de orientação neoliberal do governo Bolsonaro, e da direção da Caixa, é fatiar o banco em várias partes [subsidiárias] e vender cada uma delas – uma privatização disfarçada para contornar decisão do Supremo Tribunal Federal, que impede a venda de empresas estatais sem aval do Congresso”, afirma Tamara Siqueira, diretora do Sindicato e empregada da Caixa.
“Com estas medidas, o governo federal irá promover um ataque mortal à Caixa, transferindo para o capital privado suas funções pública e social, o coração do banco, e sua parte mais rentável, a Caixa Seguridade. Soma-se a estas medidas que irão esvaziar por completo o banco, a devolução dos IHCDs, que descapitalizarão o banco, comprometendo a sua capacidade financeira em benefício dos bancos e investidores privados. Se estas medidas se concretizarem, não sobrará absolutamente nada da Caixa Econômica Federal”, alerta Tamara.
PARALISAÇÃO TAMBÉM É POR CONDIÇÕES DE TRABALHO E PELA PLR SOCIAL
Além destes ataques que, na prática, resultarão na extinção da Caixa, a gestão de Pedro Guimarães sob comando de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro simplesmente não pagaram corretamente a PLR Social na íntegra aos empregados. Os bancários perceberam e os economistas do Dieese no Sindicato fizeram as contas e chegaram a diferença de R$ 1.593,43.
O estado de greve também está sendo deflagrado para cobrar da direção do banco melhores condições de trabalho e de atendimento à população, por meio de mais contratações, proteção contra a Covid-19 e vacinação prioritária para os empregados do banco.
“Motivos não faltam para os empregados se mobilizarem e paralisarem suas atividades em protesto, pois os ataques promovidos pela direção da Caixa e pelo governo federal afetam diretamente a PLR Social, uma conquista histórica dos empregados, e a função pública e social do banco, justamente em um momento em que a atuação do Estado deve ser fortalecida e não enfraquecida ou entregue ao capital privado, que só visa o lucro”, afirma Tamara.
Fonte: Contraf-CUT