No domingo, 21/04/2024, às 4h, o Portal UOL publicou uma matéria da colunista Andreza Matais com o seguinte título: “BB quer aumentar salário de Presidente para R$ 117 mil; 57% de reajuste”. Por isso, pelo que consideramos importante, achamos essencial fazer alguns comentários.
Para nós, empregados do banco, não importam adjetivações e singularidades da matéria em relação às pessoas que ocupam atualmente cargos no banco, pois eles não são vitalícios e são preenchidos por funcionários de carreira. Importa-nos é que produzimos resultados para que sejam pagas a nossa remuneração e a de todos os envolvidos na gestão, estes mesmos que nos impõem metas e condições de trabalho muitas vezes inadequadas e opressoras e que acarretam, inúmeras vezes, danos irreparáveis na saúde mental.
Queremos confrontar o que está sendo feito, mas para isso é preciso avaliar o contexto, compararmos o histórico e as condições internas antes de nos compararem com o “mercado”. Nesse sentido, entendemos que todas as remunerações do BB estão defasadas, considerando a corrosão do poder de compra e os cortes de remuneração na construção do modelo do plano de funções. Isso cria distorções salariais para pessoas que exercem o mesmo cargo e desestimula o encarreiramento, pois colegas que “poderiam ser promovidos de cargo” receberiam menos do que no cargo atual (difícil até de explicar essa deformação da gestão de remuneração no BB).
A matéria aponta que haverá um reajuste da remuneração total de todo o Conselho Diretor do Banco, caso haja aprovação pela Assembleia Geral de Acionistas, na próxima sexta-feira, 26 de abril. E um dos motivos é que, “entre 2016 e 2022 (governos Temer e Bolsonaro), não houve reajuste salarial para a diretoria do banco”, mesmo período da “Reforma Trabalhista e criação do Performa”. No caso dos demais trabalhadores do banco, se houve preservação do valor do salário fixo, foi por garantia da nossa Convenção e do Acordo Coletivo, pois no valor de referência das funções houve corte de até R$7,5 mil no VR, atingindo as novas promoções.
Reivindicar, negociar e contratar melhoria da remuneração fixa e variável dos trabalhadores é função do movimento sindical, e para isso temos que demonstrar, justificar e lutar, mas via de regra ouvimos negativas dos representantes das empresas com o argumento de que precisam manter o “equilíbrio interno e externo”. Nesse caso, é notório que o desequilíbrio interno será aprofundado no BB se não houver uma negociação justa para alterar o Plano de Funções e as formas de remuneração variável, especialmente o PDG (cuja fonte de recursos foi a redução salarial nas funções gratificadas), que impacta diretamente o custo da folha de pagamento e é distribuído para poucos escolhidos, pois não é negociado com os trabalhadores.
Outra distorção interna criada que nos preocupa, como pontuado na matéria, é que, “A partir de agora, todos os executivos, diretores, vice-presidentes e a própria presidente receberão um bônus caso percam os cargos de confiança e voltem a ocupar suas funções anteriores”. Isso porque, para os demais conseguirem incorporar a “comissão” perdida (mesmo no exercício há mais de 10 anos, que em outros bancos é garantido até por normativos internos), é preciso ingressar com demanda judicial e sofrer as possíveis retaliações daí advindas. Queremos negociar essa incorporação, pauta antiga dos trabalhadores, mas também o próprio descomissionamento arbitrário, (o “downgrade” justificado por “desempenho”, mesmo as pessoas tendo boas avaliações registradas), pois esses casos são punidos duplamente, por requerem o direito de manter seu equilíbrio financeiro e se tornam “congelados”.
Segundo apuração da colunista, “Outro motivador do reajuste proposto diz respeito ao desempenho do Banco em 2023 (…) com um lucro líquido ajustado de R$ 35,6 bilhões e um RSPL de 21,6%, o melhor entre os bancos nacionais”. Entendemos que não é algo absolutamente sustentável atrelar remuneração com crescimento fora da curva, tendo em vista a forma de cobrança e o próprio cálculo das metas, não condizentes com a realidade das carteiras, assim como não pode ser “o papel e o objetivo” de um banco público manter taxas e tarifas até maiores que dos concorrentes.
Por fim, segundo a matéria, “o BB informou que é uma política para retenção de talentos (…). Cabe destacar que essa remuneração dos administradores tem como objetivo atrair, incentivar, recompensar e reter talentos, conciliando os interesses dos acionistas”. Considerando que este tema é central em nossa campanha salarial específica do BB, queremos o mesmo tratamento na hora de discutir o Plano de Cargos e Remuneração e os Planos de Funções, pois sabemos de vários colegas que têm em deixado o BB para fazer concursos em outras instituições, ou deixado de almejar um encarreiramento, mantendo-se estagnados por falta de atratividade da remuneração em uma progressão de função.
Fonte: Sindicato dos Bancários do Distrito Federal.