O Banco do Brasil divulgou comunicado autorizando o retorno voluntário ao trabalho presencial dos bancários de escritórios e departamentos, mesmo os não vacinados com a segunda dose, desde que não sejam grupo de risco para o coronavírus. A espécie de “convite” gerou apreensão entre os trabalhadores, que na sua maioria já está adaptada ao teletrabalho e não deseja o retorno.
Para o movimento sindical o retorno presencial neste momento não encontra respaldo nem em argumentos sanitários – uma vez que critérios científicos indicam que um retorno seguro deve ser condicionado a um índice superior a 70% da população completamente imunizada, além de redução significativa no número de casos, internações e mortes.
Segundo o Ministério da Saúde, atualmente quase 36% da população brasileira está imunizada.
O convite também não está relacionado a efetividade do trabalho. Cerca de 90% dos trabalhadores de escritórios em teletrabalho houve um ganho de produtividade, além de significativa redução de custos para o banco.”
Na avaliação dos Sindicatos dos Bancários, não há razões para expor estes trabalhadores a um risco desnecessário, seja no trajeto, no transporte público, ou mesmo no próprio ambiente de trabalho. A prioridade agora deveria ser não aumentar a circulação do vírus.
Segundo pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com quase 13 mil bancários e bancárias, divulgada no início do mês, durante a 23ª Conferência Nacional dos Bancários, o teletrabalho garantiu mais proteção contra a pandemia.
Entre as bancárias e os bancários que ficaram em teletrabalho, 77% não apresentaram diagnóstico positivo de Convid-19, contra 23% contagiados. Por outro lado, entre os que não estiveram em teletrabalho, o percentual de contaminação foi de 38%.
Os representantes dos trabalhadores bancários ainda criticam o fato de o convite desrespeitar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) Emergencial da Covid-19, estabelecido logo no início da pandemia, pela atuação dos sindicatos, que trouxe mais proteção à saúde dos funcionários e funcionárias do ramo financeiro em todo o país.
DIREITO AO TELETRABALHO
Desde o ano passado, o atendimento presencial para garantir os serviços essenciais prioritários foi determinado pelo Banco Central. Mais recentemente, a entidade liberou as atividades de forma presencial em todo o Brasil de outras diversas atividades econômicas, que antes estavam suspensas ou realizadas de forma remota.
Ainda em março de 2020, graças à atuação das centrais sindicais, o Banco do Brasil teve que determinar novas orientações protetivas aos funcionários, incluindo o trabalho ‘home-office’ para todos que pudessem realizar seus trabalhos em casa, principalmente aqueles enquadrados nos grupos de risco.
Os sindicatos também atuaram dando apoio para os funcionários e as funcionárias que se sentiram, de alguma forma, pressionados pelos gestores ao retorno presencial no trabalho.