Para mostrar que está se esgotando a paciência com os bancos na mesa de negociação, a categoria bancária foi às ruas de todo o país, nesta quinta e sexta (15 e 16/8), com protestos, paralisações e manifestações. Foi o Dia Nacional de Luta para exigir a apresentação de contrapropostas sérias aos itens da minuta de reivindicações apresentados há dois meses pelo Comando Nacional dos Bancários à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
Em Uberaba, por conta do feriado municipal no dia 15, o Sindicato promoveu na sexta (16), paralisações de atraso na abertura de agências do Itaú, Bradesco e Santander.
“Queremos aumento real nos salários e que as propostas levem a uma valorização dos bancários e reflitam os lucros dos bancos. Estamos cobrando também a igualdade de oportunidades, para não haver discriminação nos processos de ascensão profissional e outros direitos!”, ressaltou o presidente do Sindicato, Diego Bunazar.
MAIS PRESSÃO – A rentabilidade dos bancos brasileiros, de 15% em média, suplanta a dos demais países, dando como exemplo a de 6,5% do sistema financeiro dos Estados Unidos.
As manifestações da semana passada aconteceram em resposta à postura da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) na última rodada de negociações com o Comando Nacional dos Bancários, quando não foi apresentada uma proposta à categoria.
“Nossa expectativa é que tivessem apresentado uma proposta completa, diante de todas as informações que trouxemos nas mesas anteriores, defendidas com dados sobre a realidade do setor e a capacidade dos bancos, que é o setor com maior geração de lucros no país”, disse após o encontro a coordenadora do Comando e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
SAIBA MAIS – O Comando Nacional dos Bancários entregou a minuta de reivindicações, para a renovação da CCT, no dia 18 de junho. O documento foi elaborado com base na Consulta Nacional dos Bancários, realizada com quase 47 mil trabalhadores. A minuta também foi submetida à aprovação pela 26ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e em assembleias realizadas em todo o país, com adesão de mais de 95% dos votantes.
Após a entrega da minuta, foi realizada uma série de encontros entre os representantes dos trabalhadores e dos bancos. “Em cada rodada, defendemos, ponto a ponto, as reivindicações da minuta, com base em dados sobre a realidade do mercado e a capacidade dos bancos. Dos 8.809 setores no país que fizeram negociações salariais, neste ano, 86% tiveram aumento real. Vários deles convivem com concorrência e têm lucros e rentabilidade muito inferiores aos dos bancos, a exemplo de comércio, agropecuária, serviços médicos hospitalares e energia elétrica”, reforçou Juvandia Moreira.
REIVINDICAÇÕES DA CATEGORIA
Cláusulas econômicas
– Aumento salarial acima da inflação (reposição da inflação, pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de 5%).
– Melhorias na Participação nos Lucros e Resultados (PLR). O Dieese alerta que os percentuais de distribuição da PLR dos bancos caíram ao longo dos últimos anos, mesmo após reajustes, introdução da parcela adicional e mudanças de parâmetros dos cálculos de distribuição. Além disso, a distribuição da participação nos lucros não vem acompanhando o crescimento dos lucros no setor, ficando, na maioria dos bancos, abaixo do teto de 15% previsto na CCT.
– Aumento nas demais verbas, incluindo VA/VR, auxílio babá e auxílio creche.
Cláusulas sociais
– Igualdade de oportunidades e igualdade salarial, entre gênero e raça.
– Mais mulheres no setor de Tecnologia da Informação (TI) dos bancos.
– Olhar especial para bancárias e bancários transexuais, dada a vulnerabilidade social desse grupo com menor expectativa de vida no país, por conta da violência e preconceito que também dificultam o acesso e permanência no mercado de trabalho.
– Combate ao assédio moral e sexual.
Saúde
– Direito às pessoas com deficiência (PCDs) e neurodivergentes, para que tenham garantia de ambiente de trabalho adaptado e condições de ascensão profissional.
– Direito à desconexão.
– Combate à gestão por metas abusivas e que impacta na saúde e nas condições de trabalho.
E ainda
– Garantia de emprego e dos direitos conquistados.
– Fim das terceirizações.
– Jornada de quatro dias.
– Ampliação do teletrabalho.
– Retorno da homologação nos sindicatos, para que as entidades possam acompanhar de perto todo o processo, e garantir direitos dos desligados.
– Qualificação e requalificação profissional, sobretudo diante da revolução tecnológica.
– Indenização adicional em caso de demissão.
– Garantias para mães e pais de PCDs, quando necessitarem acompanhar filhos nos atendimentos médicos e educacionais.
– Segurança nos ambientes físicos e digitais do sistema financeiro.
Confira mais informações e imagens: https://www.facebook.com/share/p/15wa8bcWw6rUgrtK/?mibextid=qi2Omg