Um novo canal de denúncias do Sindicato dos Bancários de São Paulo mostra um salto no número de casos, exatamente um mês depois de aberto à categoria. Se de janeiro a maio a entidade havia recebido um total de 132 denúncias, apenas nos últimos 30 dias o total chegou a 97. Mais da metade (50, ou 52%) referem-se a assédio moral. Outras 20 (21%) apontam “pressão no local de trabalho e cobrança”.
Ou seja, nos cinco primeiros meses do ano havia média inferior a uma denúncia diária. De 13 de junho para cá, a média é superior a três.
PESQUISA E DEDICAÇÃO
“Todos sabem que está difícil trabalhar em bancos, as metas estão cada vez mais abusivas. Em São Paulo, recentemente fizemos um levantamento, através do Ministério Público, e temos 82% de afastamento de trabalhador bancário com doença psicológica. Uma epidemia de saúde mental. Estamos aqui, em conjunto, para vencer essa batalha, essa epidemia”, acrescenta a secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários, Valeska Pincovai.
Desde 2010, a categoria bancária tem uma cláusula específica, na convenção coletiva, sobre prevenção de conflitos no ambiente de trabalho. Esse dispositivo foi sendo aperfeiçoado nas negociações que se seguiram. No ano passado, foi incluída cláusula de repúdio ao assédio sexual. Esse tema era negociado quando surgiu o escândalo envolvendo então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.
PROJETO INTENCIONAL
“O assédio não é fruto de conflitos entre pessoas, e sim decorrente de um projeto intencional, que conta com a fragmentação das relações sociais”, disse a médica Maria Maeno, em seminário promovido pelos bancários no lançamento do canal. Para ela, esse instrumento contribui para “desnaturalizar o assédio e as más condições de trabalho”.
Valeska observa que o número de trabalhadores que adoecem nos bancos vem crescendo “devido à mudança nos formato das agências, que estão passando pela transformação tecnológica”. Assim, diminui o número de agências e são fechados postos de trabalho. “As metas cada vez mais abusivas, as agências viraram postos de vendas de produtos bancários (lojas), e se o bancário não vender é demitido”, afirma a secretária de Saúde, falando em “assédio moral institucional”: “Somente na cidade de São Paulo, 82% dos bancários que se afastam são por problemas mentais”.
Fonte: Rede Brasil Atual