O adoecimento dos empregados da Caixa Econômica Federal causados pelos impactos da sobrecarga de trabalho, ameaças de retirada de função e a cobrança de metas abusivas foram alguns dos pontos abordados pelo GT Saúde do Trabalhador, grupo paritário formado por representantes dos trabalhadores e do banco.
Previsto no Acordo Coletivo de Trabalho, o Grupo para tratar das questões relativas à saúde do trabalhador, não se reunia desde março de 2018, quando foi debatido o agravamento dos problemas de saúde mental na empresa. O movimento dos trabalhadores alertou para o crescimento do número de suicídios e para os casos de depressão, síndrome do pânico e outros graves problemas que atingem a categoria bancária, em especial os empregados da Caixa.
Na reunião, realizada nesta quarta-feira (20), a representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fabiana Uehara, manifestou preocupação com o programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP).
“Conforme temos denunciado, a Caixa iludiu os empregados com o GDP, vendendo a ideia de que o programa seria um instrumento de aprimoramento dos empregados. Na verdade, o método utilizado agrava a comparação entre pessoas da mesma equipe, individualizando um trabalho que é coletivo; estabelece ranking interno, classificando os empregados de acordo com o desempenho individual; e gera alto estresse por conta do assédio, da pressão e da falta de empregados nas unidades”, explica a dirigente. Fabiana reivindicou que os reflexos do GDP na saúde do trabalhador sejam debatidos de forma mais aprofundada no GT. Solicitou ainda informações sobre adoecimento na Caixa e outros dados.
Na reunião os representantes da empresa fizeram relato dos programas e ações para prevenir o adoecimento e melhorar as condições no ambiente de trabalho. Em 2018, segundo eles, pela primeira vez a prevenção do suicídio foi tratada no banco, com atividades no Setembro Amarelo – quando ocorre em todo o país ações de conscientização para prevenir o suicídio. Outra iniciativa destacada é o “coaching financeiro” para os empregados que enfrentam problemas emocionais por conta de super endividamentos.
Adoecimento crônico
A Pesquisa Saúde do Trabalhador, encomendada em 2018 pela Fenae, revela adoecimento crônico dos empregados da Caixa. Um em cada três empregados da Caixa diz ter apresentado algum problema de saúde em decorrência do trabalho nos últimos 12 meses. Entre os que tiveram algum problema, 10,6% relataram depressão. Doenças causadas por estresse e doenças psicológicas representam 60,5% dos casos. Entre os que tiveram problemas, 53% precisaram recorrer a algum medicamento. Os remédios mais usados foram os antidepressivos e ansiolíticos (35,3%), anti-inflamatórios (14,3%) e analgésicos (7,6%).
O estudo revela o quanto o modelo de gestão do banco, a sobrecarga de trabalho e a ausência de uma política de saúde do trabalhador estão prejudicando a vida de milhares de pessoas e provocando um verdadeiro quadro de adoecimento crônico na categoria.
“A luta por saúde e melhores condições de trabalho é uma das nossas prioridades e nossa intenção é intensificar o debate no GT sobre as questões que levam ao adoecimento da categoria e apresentar propostas para melhorar a qualidade de vida do trabalhador “, acrescenta Fabiana Uehara.
Retomada do GT Saúde Caixa
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Na reunião do GT Saúde Caixa, ocorrida na terça-feira (19), em Brasília (DF), foram restabelecidos os debates inerentes ao plano de assistência à saúde dos empregados. Conquista histórica dos trabalhadores no campo dos direitos fundamentais da pessoa humana, o Saúde Caixa está regulamentado na cláusula 32 do ACT 2018/2020.
Uma das cobranças realizadas foi o acesso a informações, relatórios atuariais, dados e documentos para que os trabalhadores possam fazer uma análise aprofundada e para em conjunto com a Caixa, empenhar-se na sustentabilidade do plano. Além disso, foi cobrado o debate sobre o superávit acumulado. A Caixa informou que não tinha ainda os relatórios consolidados e se comprometeu a traze-los para a próxima reunião. Além disso, a empresa comunicou que a área jurídica está elaborando um parecer sobre o fundo de reserva / fundo de contingência.
Foi feita apresentação pela empresa da Central de Atendimento com os itens: Linha do Tempo (evolução), Número de Atendimentos (Telefone/Chat/Fale conosco), tempo de espera, Criação de Canal de Reclamação exclusivo do Saúde Caixa – Por assunto, Reclame – Por unidade responsável, Evolução do desempenho do Saúde Caixa no Ranking da ANS, NIP – Notificação de Investigação Preliminar – por unidade, Autorização Prévia – Prazos de Atendimento, Autorização Prévia / Autorizador e Reembolso – Prazos de Atendimento.
Os trabalhadores informaram que apesar da evolução ainda existem muitas reclamações da Central de Atendimento em especial referente aos prazos de autorização e reembolso. Foi solicitado que a GIPES/REPES possam fazer atendimento presencial nos casos excepcionais. A Caixa informou que entre as GIPES/REPES existe a divulgação de melhores práticas, a exemplo da GIPES/RS que disponibiliza um empregado para ficar na associação de aposentados por um dia na semana e atender aos questionamentos dos beneficiários.
Outro ponto exigido foi a questão do plano de assistência aos empregados contratados após 31 de agosto de 2018. Atualmente estes trabalhadores estão descobertos não recebendo nem o reembolso previsto no ACT. A empresa informou que está ainda em estudo a formatação desse reembolso. Os representantes dos trabalhadores afirmaram que a Caixa está descumprindo o Acordo Coletivo. Também solicitaram que esse reembolso seja retroativo a setembro.
Foi questionada a alteração no RH221, pois no normativo anterior no item que trata de filho maior inválido fazia-se a exigência de não possuir renda exceto de pensão alimentícia. No normativo em vigor o dependente inválido não pode receber pensão alimentícia. A Caixa solicitou que fosse enviado por escrito para análise formal da demanda.
Também cobramos a exclusão da exigência da assinatura do Anexo 1, do RH221 pois o mesmo apresenta discordância com o próprio RH 221, item 3.2.15, e com o acordo coletivo de trabalho. A Caixa informou que o normativo está sendo atualizado e essa declaração deixará de ser exigida quando na inclusão de dependentes.
Ficou definido um calendário de negociações, sendo as próximas reuniões previstas para 24/04; 26/06; 28/08; 30/10 e 11/12.
“O debate do Saúde Caixa é cara aos empregados. Nosso plano de saúde é um dos maiores benefícios da Caixa mas que foi conquistado por nós. Queremos acesso às informações inclusive para que possamos ter segurança em propor melhorias e ter um plano saudável.” ressaltou Fabiana Uehara, a representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Fonte: Fenae
Fonte: Fenae