Através da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), os sindicatos vão entrar com recurso na Ação Civil Pública 0000059-10.2016.5.10.0006 para que a Justiça mantenha a validade do concurso realizado pela Caixa Econômica Federal em 2014 e a Caixa convoque os aprovados.
Por meio de suas redes sociais, segundo matéria publicada na Folha Dirigida, a Caixa tem dito que poderá realizar um novo concurso público de ampla concorrência.
Para a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, é um absurdo a Caixa não convocar os aprovados de 2014, faltando tantos empregados nas agências. “Esse governo não tem compromisso com a população. Quer abrir concurso sem necessidade, mesmo sabendo que é ano eleitoral e não poderá convocar”, avaliou.
Segundo o calendário eleitoral divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral, a partir de 2 de julho não será mais possível nomear funcionários públicos. “A Caixa precisa contratar mais empregados com urgência para acabar com a sobrecarga dos empregados. E as contratações devem levar em conta a lista de aprovados no concurso de 2014, como determina a Justiça”, observou a presidenta da Contraf-CUT, lembrando de uma decisão de 2021 do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, que prorrogou a validade do concurso de 2014 e determinou que o banco deve dar prioridade aos aprovados no concurso de 2014, até que a ação transite em julgado.
DEFASAGEM DO QUADRO
Um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos relatórios de balanço dos bancos, aponta que, ao final de dezembro de 2015, o quadro de trabalho da Caixa era composto por 97.458 empregados. No balanço do terceiro trimestre de 2021 o banco informa que possuía 84.751 empregados.
“De dezembro de 2015 a setembro de 2021 houve uma redução de 12.707 postos no quadro de trabalhadores da Caixa. Mesmo com o aumento dos atendimentos feitos pelo banco. Os empregados estão sobrecarregados”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira.
Em 2020, a Caixa realizou o atendimento de 121,3 milhões de pessoas que foram ao banco para receber o Auxílio Emergencial, efetuar o saque emergencial do FGTS, do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM) e do abono do PIS.
ADOECIMENTO
A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, que também é secretária da Cultura da Contraf-CUT, avalia que a falta de empregados prejudica as condições de trabalho e afeta, inclusive, o cumprimento dos protocolos de segurança sanitária e prevenção contra a Covid-19.
“A maioria dos meus colegas de trabalho está estressada. Eles tiveram que trabalhar em horário estendido e aos sábados para atender a demanda. Não conseguem fazer pausa para descanso e convívio com a família e amigos e o banco ainda lhes impõe metas absurdas em plena pandemia”, disse Fabiana.
“E, mesmo diante de tanto trabalho, o banco implementou um mecanismo em seu programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) que classifica 5% dos empregados entre aqueles que não conseguem cumprir o que foi estabelecido, independente do resultado que os mesmos tenham obtido”, criticou a representante dos empregados ao lembrar da chamada “curva forçada”.
O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, lembrou que, após as cobranças do movimento sindical, a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) autorizou a contratação de novos empregados e o presidente da Caixa afirmou que realizaria as contratações.
“É fundamental que a Caixa contrate mais trabalhadores. Os empregados estão sobrecarregados e a direção da Caixa desrespeita a todos ao expô-los a essas condições. Nossa luta é por mais contratações para melhorar as condições de trabalho e para melhorar o atendimento à população”, disse.