O Bancário da Caixa Econômica Federal em Uberaba, Orlando Pereira Coelho Filho, conquistou a primeira colocação de poesia no do Talentos Fenae/Apcef 2019, concurso regional de Minas Gerais, que reúne várias modalidades culturais.
Além do primeiro lugar com a poesia “Brumadinho”, Orlando ficou em segundo na categoria Crônica e contos com o texto “Florbela Mequetrefe”. A premiação garantiu vaga do bancário na etapa nacional do evento que será realizada em Florianópolis no mês de dezembro para concorrer na categoria de poesia.
A votação nos melhores trabalhos ocorreu no site da Apcef MG (Associação de Pessoal da Caixa Econômica de Minas Gerais). Confira a íntegra do poema e da crônica premiada.
BRUMADINHO
– Para mim as jazidas
Para vós os jazigos
A mim as margaridas
A vós a lama fétida.
Valesse só uma vida
O que ela por se vale
Não haveria esse vale
De lágrimas barrentas.
Soterrados vivos, vivos!
no meio dos sonhos.
Valessem duzentas
A vida como o crivo
Até do que suponho.
E não esse medonho
rio de corpos e argila
Rejeitos das usinas
Que valem privadas
Que valem privadas
Menos que as retinas
Cerradas pelo barro.
Em corpos rejeitos
Na terrível descarga
De lucros macabros
Infames e suspeitos.
– A mim as jazidas
Para vós os jazigos.
FLORBELA MEQUETREFE (ritmo e pulsação de Fausto F)
Florbela Mequetrefe, súbito, vaza picada no seu possante Picanto preto, prá delírio lírico pornô de pupilas exauridas por toneladas de teorias apopléticas que não explicam mais ninguém. Picanto preto, painel de avião, teias de aranhas aplicadas no para-choque prata. Encarnação da loira do banheiro, da mulher de algodão. Em seu primeiro ano de Facu, em seu primeiro faz… de conta. Aos vinte e sete, violentos desejos espocando pela carne branca, sufocando nas malhas apertadas, estrangulada por corpete de escamas de dragão, escamas de dragão! Escamas afiadas qual navalhas que laceram ao menor olhar, que rasgam ao menor contato…o coração. Florbela Mequetrefe de lascivas castigadas, drapejada de hematomas tatuados, descolados nos encontros clandestinos. No bate e bate escondidinho dos carros de canalhas carentes, cretinos rapagões de motos envenenadas, covardes canalhas casados, punks da demência mega controlada. Escolar da pauleira putaria cultivada, em camas de motéis mofados. Barbie contrabandeada da Bolívia em dildo gigante cyberskin, como santinhas embutidas em velas de macumbas esotéricas: Acendeu, queimou, derreteu, fim. A luxúria estapafúrdia cercada de pancadaria camuflada, de estivadores da sociologia imaculada e sem firulas, atropelada por antro pélagos de exóticos lugares especulares. Mequetre, Florbela, com suas cedilhas catastróficas e seu português caótico, mostra seus troféus, seus íntimos roubos de consortes, espúrios raptos súbitos de orelhas de livros, tomados na mão grande, deu elza nos otários. Na mão grande! De intelectuais metidos a Clark Gable e Lawrence das Arábias. Florbela a de cabelos amarelos, a de cabelos de KY. Montada por maquiagem gótico-barroca, traveca à La Bardô, olha que irá esmigalhar seus sonhos de amor, seus sonhos bordos. Bonequinha, Bibelô da Babilônia, esperteza descolada purpurina, rainha sucateada de tronos de bidês amarelados, com seus cetros de duchinhas cromadas. Os metros do meio fio ao cedro recendendo das axilas depravadas, axilas depravadas como asas depiladas, ant’anjo, súcubo selvagem na voltagem suga sonhos. Suas unhas roxas, tenazes no peito dos rapazes medonhos, dos lorpas, dos pascácios, dos pipocas pitbull. Vernissage psicodélica, sarau voodoo, ice e rum nos olhos rubros como um sol crepuscular sangrando no fim da tarde. Florbela Mequetrefe, aura de giletes e navalhas, olhares de Bride of Chuck, ombreiras de celulares confidenciais com seus colares de arames farpados e veias estouradas. Quem da mais na planilha de notas escolares? Quem dá mais? Por sua alma de lâmina, seu coração de cavas caóticas, suas risadas de carros envenenados, no lusco-fusco das avenidas. Artimanhas de aranhas descendo pelos seios e meias de seda, sexo de corveias e camas vibratórias de lençóis de puxadinhos, mentiras compradas nas boutiques da infâmia, dos orgasmos desviados do bazar do faz de conta, de lupanares lunáticos e alvejados e limpinhos, por água santa sanitária de Lindóia, em frascos de vidrinhos de perfume Scarlett Scarlett Cacharrel! Florbela Mequetrefe salpicada por serpentes e confetes num canavial de esqueletos frevorosos e bonecos de Olinda estilizados. De campana, a espreita, na próxima sala de aula, tão bacana, na próxima esquina te abocanha, embaixo de uma árvore de camisinhas penduradas feito vagens. Florbela Make Trifle a de Romances mafiosos e performances contrabandeadas de internets piratas com seus segredos de garagens… Quer um beijo teu, quer um beijo teu, quer… Um beijo teu! Ó… um beijo teu, um beijo teu!