O congresso, que ocorre de forma híbrida e com a parte presencial em São Paulo, debateu questões que afetam o dia a dia de trabalho dos empregados da Caixa e definirá sua pauta específica de reivindicações, que será negociada com o banco durante a Campanha Nacional dos Bancários 2022.
Um dos principais debates do encontro foi a “Defesa das empresas públicas, defesa dos bancos públicos e Caixa 100% Pública – Desigualdade social se combate com Caixa 100% Pública e valorização dos empregados”.
Maria Fernanda Coelho, ex-presidenta da Caixa 2006 – 2011 lembrou do período de valorização da Caixa, dos seus empregados e do papel social durante sua gestão. “Várias políticas públicas foram implantadas e a Caixa teve um protagonismo na execução. Em 2003, tínhamos 56.000 empregados. Em março de 2011, já tínhamos 83.000 empregados (…) A rede de atendimento cresceu e foi decisiva para o aumento da base de clientes. Saímos de 28 milhões para 53 milhões de clientes. Isso reflete o processo de valorização da instituição. Promovemos a inclusão bancária e social por meio dos programas sociais e políticas públicas.”
Por sua vez, Maria Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, lembrou que mesmo sob ataques intensos do atual governo de sua base aliada, os empregados da Caixa resistiram e fizeram e fazem a defesa do banco público. “Nossas ações trouxeram coisas positivas, se não o cenário seria pior. Nós temos todas as condições de mudar o Brasil (…) Nós carregamos no nosso DNA o compromisso público, o perfil de quem acredita no que é para todos. (…) Como disse Santo Agostinho, a esperança tem duas filhas lindas. A indignação, que faz com que não aceitemos as coisas como elas estão, e a coragem, para modificá-las.”
CONDIÇÕES DE TRABALHO, ADOECIMENTO E SAÚDE CAIXA
A mesa seguinte de debates teve como tema “Saúde e Condições de Trabalho/Saúde Caixa – Condições de trabalho e seus reflexos; Relatório adoecimento bancário e Saúde Caixa.
“Viemos de uma negociação muito difícil no Saúde Caixa; e de um processo de adoecimento que escalou durante a pandemia. É importante a gente debater e construir coletivamente a questão da saúde”, afirmou Sérgio Amorim, dirigente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.
“Temos hoje na Caixa quase 60.000 aposentados. Essa é a dimensão dos problemas que teremos, por exemplo, caso a Caixa deixe de ser pública. Agora, a perspectiva de não termos uma Caixa pública e um plano de saúde que nos acolha nos momentos de dificuldade nos move todos os dias a estarmos juntos de todos que tem essa mesma compreensão na luta. Por isso que estamos aqui hoje”, enfatizou Edgard Antônio Bastos Lima, presidente da Fenacef (Federação Nacional das Associações de Aposentados e Pensionistas da Caixa Econômica Federal).
De acordo com o conselheiro deliberativo da Cassi, Alberto Alves Júnior, desde 2015 houve uma grande quantidade de recursos externos invadindo o mercado brasileiro, o que trouxe maiores dificuldades para os planos de autogestão.
“De lá para cá passamos a ter uma avalanche de fusões e aquisições tanto de forma horizontal quanto vertical. As autogestões estão passando a ser compradores dos serviços dos grandes grupos. E eles têm objetivo de expandir seus negócios. A tendência é que vendam cada vez mais caro para nós (…) Cada dia que passa temos que negociar mais e os recursos são elevados. Por outro lado, a solidariedade está em jogo. Estamos no meio dessa encruzilhada. Teremos de discutir uma forma que leve a frente a assistência e ao mesmo tempo a questão econômica. Temos que juntar todas as nossas autogestões para dialogar”, avalia Alberto.
Por sua vez, a Dra. Fernanda Souza Duarte trouxe para a mesa dados da pesquisa sobre a saúde do trabalhador da Caixa, encomendada pela Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal), que teve como foco conhecer a relação entre trabalho e adoecimento pensando nos aspectos jurídico, psicológico e político.
De acordo com a pesquisa, 47% dos que responderam afirmaram que o trabalho afeta a saúde e 42% disseram ter problemas de saúde relacionados ao trabalho. Os dados também apontam que hoje os problemas de transtorno mental já ultrapassam as chamadas LER/Dort, com prevalência de quadros relacionados com ansiedade e depressão.
“As pessoas sentem obrigação de serem gratas e pensam que não podem se afastar, ficam trabalhando doentes. Temos a cultura da ameaça, silêncio e medo”, ressaltou.