Depois de pagar o bônus Caixa com enormes disparidades até mesmo entre empregados de uma mesma unidade, o banco foi pressionado pelas entidades de representação e associativa dos trabalhadores e foi “obrigada” a promover alterações no Ciclo 2021 do programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) e no mecanismo de “curva forçada”.
“Esta gestão ineficiente do Pedro Guimarães não consegue fazer certo nem os absurdos que se propõe a fazer. Quiseram introduzir um sistema de bonificação aos empregados para enfraquecer o movimento sindical e a luta pela PLR (Participação nos Lucros e/ou Resultados), mas conseguiram deixar descontentes até os empregados que estavam recebendo o bônus”, avaliou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt.
“Estamos sempre atentos em tudo o que afeta o dia a dia de trabalho e a vida dos empregados. Nossa pressão sobre o banco e a mobilização dos empregados foi fundamental para que o banco promovesse alterações para reduzir a disparidade de valores de bônus e mudanças no mecanismo de curva forçada”, afirmou o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa, Sergio Takemoto.
DESTRUIÇÃO DA POLÍTICA DE PESSOAS
Para a coordenadora da CEE, o mecanismo de “curva forçada”, introduzido pela administração Pedro Guimarães no programa Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) oprime e desqualifica o trabalho realizado pelos empregados. “Ao invés GDP, deveria se chamar DPP, de ‘destruição da política de pessoas’! Já tínhamos críticas à GDP por ela utilizar instrumentos subjetivos de avaliação, o que permite que gestores a utilizem como forma de assédio e pressão pelo cumprimento de metas abusivas pelos empregados. Mas, a gestão Pedro Guimarães conseguiu piorar ainda mais o que já era ruim”, afirmou Fabiana.
O mecanismo de “curva forçada”, introduzido no programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) da Caixa Econômica Federal em 2021, tinha classificado 65% do quadro de razoável para ruim no Ciclo da GDP 2021.
“É um mecanismo retrógrado, que foi abandonado pela iniciativa privada nos anos 1980, por não conseguir melhorar o desempenho dos trabalhadores e ser utilizado apenas para reduzir remuneração e justificar demissões. Mas, a Caixa, mesmo sabendo disso, resolveu implantá-lo. Deu no que deu”, observou a coordenadora da CEE.
Após inserir o mecanismo na GDP e ser cobrada a dar explicações, a Caixa, em reunião com a representação dos empregados, reconheceu que a “curva forçada” visa mudar a cultura dos empregados da Caixa, estabelecer valores empresariais de mercado e forçar a competição pela venda de produtos.
O Regulamento do Ciclo 2021 da GDP limitava a 5% o número de empregados, de todos os grupos, que poderiam ser avaliados com desempenho “excelente” e 30% com “excelente” e “superior”.
“Além de limitar a quantidade de empregados que podem ser classificados como excelente, também define que 5% será mantido como ‘insatisfatório’. Tudo isso, independente do resultado que os mesmos tenham tido. Assim, ela é utilizada apenas como ferramenta de assédio”, criticou a coordenadora da CEE.
COMPETIÇÃO X COLABORAÇÃO
Para a representante dos empregados no Conselho de Administração (CA) da Caixa, Rita Serrano, o conceito da GDP não é adequado. “Ele incentiva a competição entre as pessoas, instiga o individualismo e acaba com a relação de solidariedade e com a produção pelo prazer e pelo bem comum”, avaliou. “Existem outros modelos mais adequados para a gestão de desempenho do pessoal”, completou a representante dos empregados no CA da Caixa.
Rita observa que a GDP define o pagamento do bônus Caixa, que é um pagamento para os gestores, “mas há questionamento, inclusive, se os critérios para avaliação e pagamento do bônus foram aplicados de maneira correta, conforme as premissas definidas pelo próprio banco”, disse. Muitos empregados estão reclamando das enormes disparidades nas avaliações e que na segunda-feira (2) à tarde a Caixa bloqueou o acesso à avaliação.
Para a coordenadora da CEE, a GDP ataca as relações e direitos trabalhistas e expõe os empregados a uma disputa insana. “Os empregados já têm valores empresariais, atuam no mercado. Nem por isso precisam ser massacrados”, criticou. “Reflete a maneira como foi implementado, sem negociação com as entidades de representação dos trabalhadores, com critérios obscuros. Por isso sempre fomos contra a GDP. Agora, com a inserção da ‘curva forçada’ na GDP, somos ainda mais contra e insistimos para que tal mecanismo seja abandonado pelo banco”, completou.