Durante a 33º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, Os trabalhadores e trabalhadoras do Banco do Brasil aprovaram nesta quinta (9) as propostas de reivindicações para a Campanha Nacional 2022, a serem entregues à empresa.
“O conjunto de reivindicações foi formulado com a participação das federações de todas as regiões do país. Seu conteúdo inclui desde tratamento igualitário a todos e todas as funcionárias do BB, incluindo dos bancos incorporados, até percentual de mulheres na mesma proporção da população do BB e saúde mental dos funcionários, como avaliação psíquica sempre que o trabalhador solicitar, através da Cassi”, resumiu o João Fukunaga, coordenador da CEBB.
Apesar de todas as entidades locais já terem tido contato com o material, durante a mesa que fechou o terceiro dia do encontro, as 11 páginas que compõem o documento foram relidas. “Esse processo foi importante para corroborar a nossa missão de democratizar ao máximo os processos sindicais”, completou Fukunaga.
CRÉDITO REGIONAL
O papel dos bancos públicos, por meio do microcrédito, para fomentar o desenvolvimento regional, foi um dos destaques dos debates no Congresso do BB.
O Instituto Nordeste Cidadania (Inec), por exemplo, é organização sem fiz lucrativos trabalha junto ao Banco do Nordeste (BNB), no qual atua na operacionalização de dois programas de microcrédito.
“Hoje, no CrediAmigo, realizamos 17 mil operacionalizações ao dia e, no AgroAmigo, cerca de 2,2 mil. Números que podem ser pequenos para o Banco do Brasil, mas para nossa região são fortes”, destacou a presidenta do Instituto Nordeste Cidadania (Inec), Zilada Melo Ribeiro.
“Para entender o que isso significa, o AgroAmigo gera mais de 353 mil empregos e o CrediAmigo, mais de 568 mil, e são responsáveis por um incremento na arrecadação tributária de R$ 1,1 bilhão e R$ 3,4 bilhões, respectivamente”, completou. Conforme Zilana, os dois programas contribuem, juntos, com uma massa salarial de R$ 11,1 bilhões.
“No CrediAmigo reunimos grupos de empreendedores individuais que atuam em cadeia produtiva, por localidades. É mais do que bater meta de fazer empréstimos. Nesse programa, 67% são mulheres. No AgroAmigo focamos no desenvolvimento da agricultura familiar, trabalhando a acessibilidade e coletivismo”, explica Zilana.
A presidenta do Inec destacou também que entre 2010 e 2021 ocorreu a maior concessão de microcrédito, por causa de decisão de governo. “Em 2010, a então presidenta Dilma deu ordens para o Banco do Nordeste operacionalizar o microcrédito. Nesse período, aplicamos R$ 16 bilhões no Nordeste inteiro. Para um banco do Nordeste esse número é gigantesco e temos espaço para crescer muito mais”, concluiu.
VÍNCULO COM O DESENVOLVIMENTO
A segunda palestra foi do bancário aposentado do Banco do Brasil e ex-presidente do SEEB Brasília, Jaques Pena. Sua apresentação focou nas experiências que teve com as Cadeias Produtivas, Estratégias de Desenvolvimentos Regional Sustentável do BB, Programa de Desenvolvimento Territorial Integrado e Sustentável da Fundação Banco do Brasil e, por último, Territórios da Cidadania.
“Quem trabalhou muitos anos no banco, quem é dirigente sindical da Cassi ou da Previ, quem circula pelo banco e conhece a nossa história, sabe o quanto o BB tem vínculo com o desenvolvimento, com a atividade econômica, com as pequenas, grandes e médias iniciativas econômicas Brasil afora.”
Segundo Pena, essa característica altera conforme a orientação dada ao Banco pelo governo. No entanto, “independente disso, o BB tem uma presença tão grande no país todo que fica difícil tirá-lo do desenvolvimento. Mas as orientações neoliberais podem atrapalhar muito esse papel da instituição.”
Para Pena, com um governo neoliberal, foi possível verificar mudanças nítidas no papel do BB. Como observou, antes do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a missão do banco dizia
“Promover o desenvolvimento sustentável do Brasil e cumprir sua função pública com eficiência”. Os objetivos estratégicos davam conta de “reforçar nosso papel de dinamizador do desenvolvimento do país, com ênfase na inclusão social e produtiva, urbana e rural”. Em 2017, passou a ser “Banco de Mercado com espírito público”; e em 2019, retirou-se a palavra “público” e a missão passou a ser “Cuidar do que é valioso para as pessoas”.
Como afirmou Pena, “isso mostra que o Banco cumpre a estratégia que o acionista controlador determina. Mostra que a presença do banco no desenvolvimento tem a ver com o governo de plantão, com o que o governo quer do Banco e com o tanto que os banqueiros privados mandam no Banco Central, no Ministério da Fazenda ou dentro do próprio Banco do Brasil”.