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ADOECIMENTO MENTAL DOS BANCÁRIOS MUDOU DE CARA COM A PANDEMIA

O Congresso dos Bancários de Brasília ocorrido no último final de semana debateu sobre a saúde da categoria. Convidada, a doutora em Psicologia Social Fernanda Sousa Duarte apresentou os dados alarmantes contidos no relatório anual da Clínica do Trabalho Bancário do Sindicato.

Fernanda Duarte destacou durante sua exposição que a pandemia do novo coronavírus já demonstra impacto na saúde mental da categoria bancária. Antes da pandemia, os atendidos pelo serviço vinculado à Secretaria de Saúde da entidade apresentavam sintomas predominantemente ansiosos. Os dados de 2021, no entanto, apontam que sintomas depressivos começaram a concorrer com os sintomas ansiosos, indicando cada vez mais a presença de quadros mistos, assim como a intensificação da melancolização no trabalho bancário.

Viabilizados pelo processo de escuta clínica, crítica e social do sofrimento no trabalho, os dados do relatório revelam que o mal-estar no trabalho bancário continua sendo gerado pela organização do trabalho e os estilos de gestão. A percepção de assédio moral dentro dos bancos, por exemplo, é denunciada por 92,3% dos atendidos pela Clínica.

O perfil do público da Clínica é constituído por mulheres (69%) e por bancários com alta escolaridade (87%). Outro recorte importante feito pelo apanhado mostra que 69% dos atendidos são bancários de bancos públicos ou de economia mista. Para a psicóloga, a baixa procura dos bancários de bancos privados se deve à instabilidade e medo de perda do emprego.

Durante a maior crise sanitária, social e econômica das últimas décadas, bancárias e bancários compuseram com bravura a linha de frente da pandemia. Além de ter custado a vida de muitos trabalhadores, a covid-19 gerou um cenário de muitas perdas e pouca ou nenhuma possibilidade de “velar e sepultar tudo aquilo que se perdeu”, como destaca o documento.

“O cenário, com as reformas trabalhista e da Previdência, as reestruturações e a própria pandemia, mudou a relação entre o trabalho bancário e a saúde mental. Há um aumento significativo de bancários com sintomas ansiosos, depressivos e quadros mistos de depressão e ansiedade. Precisamos focar nossos olhares no entrelaçamento entre o psíquico, o social e o político”, comentou Fernanda.

HISTÓRIA DA CLÍNICA

Criada em 2013, a Clínica do Trabalho Bancário nasceu para investigar a relação entre o trabalho bancário e a saúde mental desses trabalhadores. Projeto pioneiro, a Clínica tem como objetivo descrever a organização do trabalho bancário e suas mudanças ao longo do tempo; criar espaços de escuta do sofrimento no trabalho bancário; identificar fatores da organização do trabalho ligado à produção de patologias no trabalho bancário; e caracterizar as nuances políticas das psicopatologias do trabalho.

Desde que começou com os atendimentos, em 2015, a Clínica já atendeu 226 bancários e bancárias e realizou 1382 sessões individuais. Os dados levantados subsidiam a luta da categoria bancária por mais saúde e condições adequadas de trabalho, tanto no dia a dia quanto na Campanha Nacional dos Bancários.

A professora Ana Magnólia Mendes, do Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da UnB, coordena o projeto no viés acadêmico. Fernanda Duarte, psicóloga, é a coordenação técnica, de atendimento e pesquisa.

 Fonte: Bancários do DF

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